
Essa outra Europa, que costumava aparecer nos antigos torneios eliminatórios do continente, foi sendo gradativamente posta de lado. Inventaram preliminares, fases de grupos tão lucrativas quanto favoráveis aos clubes mais fortes, e escassearam os times de pouco relevo que voltemeia apareciam tentando coisas gigantescas. Sabe-se lá quando teremos outra final romântica como a da Copa da UEFA de 1987, uma simbólica decisão que opôs o IFK Gotemburgo e o Dundee United – vencedores em 1982, os suecos repetiram a façanha, mostrando-se bons na arte de aproveitar aqueles tempos.
Muito provavelmente, nunca haverá algo semelhante. Atualmente, chegar a uma fase de grupos de Champions League é o ápice para a maior parte dos pequenos clubes, e geralmente só possível com injeções atípicas de dinheiro. Por maiores que sejam os investimentos, no entanto, nenhum desses times sequer chegará aos orçamentos dos mais poderosos concorrentes europeus. É isso que torna dias como esta terça-feira especiais.

Não devem ir tão mais longe, o CFR e o Anorthosis (como não devem ir o Aalborg e o BATE, que estréiam amanhã), mas resultados assim são de um valor enorme. Àqueles que torcem o nariz ao futebol-de-estrelinhas-mercenárias do além-mar, dias como este despertam a lembrança de que existe uma outra Europa no futebol, com menos interesse mundial, menos dinheiro e dificuldades por vezes semelhantes às daqui. Existem os romenos, os cipriotas, existem os clubes andorranos e existem, ainda mais longe das disputas internacionais, os nem um pouco estrelados Arles. Não contentes em apenas existir, de vez em quando eles até fazem por merecer vibrar.
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Além de Roma 1-2 CFR e Werder 0-0 Anorthosis, a terça teve:
Chelsea 4-0 Bordeaux: resultado óbvio na estréia de Felipão em Champions League. Os Giron

Panathinaikos 0-2 Internazionale: dois gols de brasileiros, Mancini e Adriano, e ponto.
Barcelona 3-1 Sporting: num péssimo início de Campeonato Espanhol (foram derrotados pelo Numancia na estréia e não passaram de um empate em casa com o Racing Santander, no fim de semana), os catalães contornaram a crise com uma fácil vitória sobre o enfraquecido adversário.
Basel 1-2 Shakhtar: um belo jogo no St. Jakob-Park e outro confronto com dois tentos brasileiros – Fernandinho e Jádson, para os visitantes. Indo ao intervalo com a segura vantagem de 0-2, o time ucraniano administrou na segunda etapa, tendo sua meta vazada somente nos acréscimos, em obra de Abraham. Dependendo do ponto de vista, esses dois times também poderiam ser incluídos na outra Europa, mas suas participações em grandes torneios já são relativamente comuns.
Olympique 1-2 Liverpool: aos que esperamos um retorno do OM aos seus melhores dias (a maldição não acaba!), um duro golpe. Cana abriu o placar para os de Marselha aos 23, mas a esperança de vitória não durou dez minutos – aos 32, Gerrard já havia feito seu segundo gol, encerrando a remontada inglesa.

PSV 0-3 Atlético de Madrid: monumental retorno colchonero à maior competição da Europa. Comandado por um Agüero triunfante, autor de dois gols, o Atlético mostrou logo de cara a que veio. Os holandeses ainda esperam para estrear, pois mal tiveram chance de jogar hoje.
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