
O curto período correu com quatro rodadas do campeonato sendo disputadas, e várias demonstrações de solidariedade pelo Rio Grande. Uma barra negra sobre a torcida colorada em Porto Alegre, um

Aqueles que vivemos o esporte sentimos, em maior ou menor escala, uma parcela da comoção que tomou os corações xavantes. Esta partida de terça-feira teve um fundo distinto de praticamente todas as outras já jogadas no país. Havendo condições para tanto, era necessário estar aqui. Eu fiz a insanidade. Pelo único motivo de presenciar o retorno do Brasil aos gramados após a dor, saí de Ijuí às 8 da manhã e percorri os quase 500 quilômetros de distância até Pelotas.
Depois de Santa Maria os elementos da paisagem vão reduzindo gradativamente. Em certo momento o horizonte não abriga mais que campos, pedras, colinas e capões, campos, pedras, colinas e capões, campos, pedras, colinas e capões, visão repetida até a loucura. A beleza e a calmaria da metade sul do Estado, inquestionáveis, existem justamente pelo deserto humano que é essa região.


Os três para quem um jogo contra o Futebol Clube Santa Cruz foi o último. E da sua morte, do ferimento de outros tantos profissionais, concluiu-se, a princípio, o fim do Brasil


E foram premiados por um Bento Freitas completamente lotado. Ao meio-dia a tevê informava que os ingressos disponibilizados até então já estavam esgotados – os comprados depois, como o meu, compunham um lote extra. Pelotas respirava um ar vermelho e preto, e camisas do Brasil multiplicavam-se pelas calçadas. De dentro do estádio, observando pelas frestas, era possível avistar a rua de acesso inteiramente tomada por uma fila de aficionados, uma hora e meia antes do início do jogo.


Faixas em memó
Enfim veio o time ao gramado. Vestindo negro, sem as camisetas 3 de Régis e 7 de Claudio Milar na relação. O recebimento foi uma ode à superação. “Eu acredito!”, berravam os xavantes, depositando confiança nos responsáveis por acabar com o trauma e
A terça-feira diferente de todos os outros dias de futebol já vistos por aqui foi lembrar uma jornada comum – ainda bem – no momento em que o esférico recebeu o primeiro pontapé. Sucedendo a consternação vieram os rugidos das fileiras lotadas, vibrando a cada carrinho e a cada chutão, dispostos a apoiar mesmo os passes errados, que não foram poucos, porque o que interessava ali era dizer que a maior e mais fiel torcida do interior estaria sustentando a equipe frente ao
Criada a desvantagem, o Brasil atacou com a força do temporal que atingiu a região de Pelotas na semana passada, remontou e roçou um massacre. Adriano Sella empatou aos 26 minutos, num chute de longe desviado pela zaga visitante para tirar o goleiro Cássio da jogada. Kelson, de pênalti, e Alex Martins, num daqueles gols de luta, concluíram a virada antes do fim do tempo regulamentar. Um 3 a 1 de sonho contra o time interiorano de melhor técnica apresentada até este momento da temporada. Nos acréscimos, porém, uma bola cruzada na área, um Danrlei que não saiu da meta e uma zaga que não pulou deixaram Eraldo livre para mandar um testaço ao fundo das redes e botar recuperáveis 3 a 2 no marcador do intervalo.
A metade final do jogo foi um martírio para o rubro-negro, vitimado pela sua preparação reduzida após o acidente. Cansados, caindo de cãibras a todo momento, os jogadores do Brasil arrefeceram seu poder ofensivo. A ordem era resistir. Se pudessem substituir mais que três jogadores, fariam. Como não podiam, o Santa Cruz tomou conta. Aos 61 minu
E melhor ficou quando o Santa Cruz acertou a trave pela segunda vez, no tardio 89º minuto. Três minutos depois, no último sopro de Simon, o ponto foi comemorado pelo Bento Freitas superlotado. Não havia dúvidas da qualidade do Santa Cruz, ao passo que o Brasil, mesmo depois de ontem, continua uma incógnita – não se sabe quanto renderá esse time depois de estar com resistência parecida com a dos outros. Pode ser que a vontade do clube de disputar o Gauchão a qualquer custo renda uma árdua briga para não cair. É o preço pago por acreditar. O importante está na concretização do que previram os entusiastas da não-desistência do Brasil: a cancha repleta de apaixonados diluiu a tristeza.
2 comentários:
Baita relato. Eu estava no estádio também. Podíamos ter nos encontrado para conversarmos sobre os rumos da ImpedCorp e da Futebesteirol International.
Abraço.
Haverá oportunidades futuras, esperamos! hehe
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