Os torcedores do Internacional de Santa Maria, terra cujo Secretário de Cultura é conhecido como Titi Roth (!), são admiráveis. Aguentaram no osso do peito a década de fracassos do time na Segundona Gaúcha, com chances de subir perdidas nas últimas rodadas, e agora precisam suportar uma direção para a qual a noção de valor das coisas é um conceito que não existe.
Ou os jogos do São Luiz fora de Ijuí são extraordinariamente concorridos e eu não sabia.
É inexplicável que num jogo como o de ontem, entre duas equipes fracas, de meio de tabela quanto muito, fossem cobrados CEM REAIS por uma cadeira no Presidente Vargas. O dobro do valor de um ingresso para o melhor setor da Montanha dos Vinhedos ou do Bento Freitas, com o ponto contra de a Baixada Melancólica estar em condições muito piores.
Uma entrada para o “pavilhão B”, nada mais que uma arquibancada coberta ao lado das cadeiras (e com a visão obstruída por colunas de ferro) estava em cinquenta reais, e vinte era a quantia investida para pegar um câncer de pele, sentado na ensolarada geral do outro lado do campo. O desconto de 20% dado em compras antecipadas dos bilhetes não diminuía muito o tamanho da mordida no bolso dos torcedores. E mesmo assim eles fizeram um bom público para ver o Inter-SM receber o São Luiz na quarta-feira.Fiéis e assaltados. Mereciam um time pelo menos decente. Mas o Inter, contam, cometeu o grande erro de sua história recente ao participar da Série C no ano passado. Perdeu dinheiro, não manteve jogadores primordiais como Chiquinho, e entrou em 2009 com um time que levaria uns sete a zero se jogasse com a equipe de 2008. Menos mal que jogou só com o São Luiz, para quem também perdeu, mas sem fiasco.
Zero a um o placar de ontem à noite em Santa Maria. Atacando bem pouco, confirmando o epíteto de retranqueiro que cabe a um time que tem o pior ataque a melhor defesa do campeonato (três gols feitos e dois sofridos em cinco rodadas), o pálido ijuiense fez o seu solitário gol aos 35 minutos, num grande lance de Ronaldo Capixaba, que driblou o marcador com um toque de primeira e fuzilou Goico. Após isso, o Inter deixou o São Luiz achatado em seu campo defensivo como um zorrilho atropelado por uma jamanta. Bola na trave, milagres do goleiro Oliveira, um pênalti aos 72 minutos.
A melhor oportunidade para mudar os rumos da jornada foi perdida no instante em que Alê Menezes fraquejou diante da bola cravada a onze metros do gol. Tentando vencer o arqueiro com uma paradinha, teve as pernas trêmulas ao vê-lo permanecer em pé. Sem saber como reagir, mandou um chutinho miserável, atrasou a pelota e consagrou Oliveira – saudado pela Fanáticos de Ijuí, àquela altura cantando mais alto que a torcida homônima de Santa Maria, como o melhor goleiro do Brasil. Até a pressão dos minutos finais, depois da expulsão do são-luizense Neguetti aos 86, foi insuficiente para transformar o 0 a 1 em empate.
A segunda vitória do São Luiz no campeonato, a segunda consecutiva e fora de casa, colocou o time em terceiro lugar do grupo, à frente do Grêmio (que tem um jogo a menos) e empatado em pontos com o Santa Cruz. O São Luiz não jogou metade do que jogou o Santa Cruz neste Gauchão. No entanto, está aí. É bizarro um campeonato curto desses, em que a imensa maioria dos times está num nivelamento tal que mesmo os tidos como piores podem almejar algo depois de uma vitória.
Para azar são-luizense, outros ruins também fizeram uso dessa possibilidade. Lá foi o São José de Porto Alegre bater seu freguês Juventude no Alfredo Jaconi por 1 a 2, terça-feira. Nada, porém, que superasse a tática do Veranópolis, que se fez de mansinho pra papar o adversário maior. Perdeu um jogo pro São Luiz levando um gol de Maurício, fez o Grêmio acreditar que mandar a campo um time com dez reservas estaria bom, e surrou os portoalegrenses. É vero que o juiz ajudou o Vera, mas um time que vence por 3 a 1 com hat-trick de DINEI está acima do bem e do mal.
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