domingo, 25 de maio de 2008

Dean Windass, o homem de Hull

Windass comemora gol marcado na fase regular da segunda divisão 07/08

Nas divisões inferiores inglesas, além do acesso direto conferido aos melhores colocados na da temporada regular de pontos corridos, ocorrem também os playoffs: mata-matas entre as quatro equipes mais bem classificadas abaixo da zona de ascensão direta, com semifinais e, depois, uma grande decisão no palco das lendas – Wembley. De sábado a segunda-feira, da segunda à quarta divisão, Londres tem recebido uma dessas finais por dia. Ontem, jogou-se pela subida à Premiership, liga máxima do futebol inglês, e o Hull City fez história por meio de um jogador nascido na sua cidade.

Dean Windass, 39 anos, natural de Hull, representante do Hull City entre 1991 e 1995, de volta ao clube graças a um empréstimo em 2007, e em definitivo para esta temporada, foi o herói do sábado. Em outras paragens, mas sempre no futebol britânico, teve a carreira marcada por eventos controversos: em 1997, pelo Aberdeen escocês, recusou-se a sair de campo após uma expulsão, forçando o árbitro a mostrar o cartão vermelho em três ocasiões distintas até que ele se retirasse e, em 2006, defendendo o Bradford City, foi acusado de apertar os testículos de John Finnigan, do Cheltenham Town – o adversário devolveu a provocação, agredindo Windass. Finnigan foi expulso, Windass não, e o Bradford venceu por 2-1.

Nem só de polêmicas, contudo, vive o atacante. Nas suas duas passagens por Bradford (1999 a 2001 e 2003 a 2007), fez 87 gols, convertendo-se no terceiro maior artilheiro da história do clube. Chegou a atrair atenções de clubes da elite, sendo contratado pelo Middlesbrough em 2001, mas jamais se firmou – nos anos seguintes, antes de retornar a Bradford, acabou emprestado aos dois times de Sheffield, o Wednesday e o United. Sua glória também estava, claro, na cidade natal. No Hull City. De lá só saíra em 1995 por conta de dificuldades financeiras da equipe, que precipitaram sua venda ao Aberdeen, mas o período já servira para deixar lembranças na torcida que, uma década depois, o elegeria como o quarto melhor jogador do centenário do clube.

Com idade avançada para um futebolista, Windass precisava voltar ao clube que o revelou, antes do fim da carreira. No ano passado surgiu a oportunidade do empréstimo ao Hull City na segundona, e a coincidência: sem Windass, o Bradford City foi rebaixado da terceira para a quarta divisão, facilitando sua permanência nos Tigers. Pagando uma taxa de 150 mil libras e oferecendo um contrato de duas temporadas, o Hull manteve seu histórico jogador para 2007/08, e deu início à maior de suas campanhas. Na liga regular, um 3º lugar após 46 rodadas possibilitou a passagem aos playoffs: neles, uma classificação fácil nas semifinais, com um agregado de 6-1 sobre o Watford, e então a jornada de Wembley, no sábado, contra o meteórico Bristol City – equipe que, a noventa minutos da Premiership, nem parecia ter vindo da terceira divisão no ano anterior.

Mas o dia seria dourado para o Hull. E para Windass, o artilheiro da cidade. Mais de 86 mil espectadores estavam no grande templo do futebol inglês para conhecer o último promovido à elite, ao lado de West Bromwich Albion e Stoke City. Aproximava-se o minuto 38 no momento em que um cruzamento da esquerda fez surgir, dos pés do matador, a comemoração da torcida: de primeira, no ar, Dean Windass emendava para o fundo das redes.



Um golaço. O único do dia. Ao apito final do 1-0, Windass, o controverso, o ídolo, o homem de Hull, o experiente jogador de 39 anos, chorou como uma criança. Pela primeira vez nos 104 anos de existência dos Tigers, o clube conquistava o acesso para uma primeira divisão da Inglaterra.

Nenhum comentário: