– A tua ausência deu sorte pro Grêmio. Não volte mais.
– Como foi o Grêmio?
– Ué, tu não sabes?
– Não, né. Tô aqui no fim do mundo...
– Figueirense 1-7 Grêmio. Três do Perea, três do Reinaldo, um do Marcel.
– Ok, agora fala sério.
– É sério.
– Como foi o Grêmio?
– Ué, tu não sabes?
– Não, né. Tô aqui no fim do mundo...
– Figueirense 1-7 Grêmio. Três do Perea, três do Reinaldo, um do Marcel.
– Ok, agora fala sério.
– É sério.
O diálogo acima, ou algo próximo dele, deu-se há pouco, com um amigo gremista que excursiona por Buenos Aires. Convença alguém alheio ao jogo do Orlando Scarpelli que aquilo aconteceu. A maior goleada da história do Grêmio no Brasileirão, a segunda maior goleada de um visitante na Série A em todos os tempos, o fim de um jejum de meia década sem vitória tricolor sobre os catarinenses jogando lá. Sete a um fora de casa. E tudo isso fazendo o Grêmio assumir a liderança da competição pela primeira vez desde que os pontos corridos foram adotados. É absurdo.
O amigo em Buenos Aires não viu nada daquilo, precisou de alguns links com vídeos e notícias para ser convencido da veracidade dos fatos e talvez ainda guarde dúvidas se tudo não eram trucagens e efeitos especiais. Não era. Uma atuação de luxo em Florianópolis fez do absurdo realidade. Isso a partir do segundo tempo. No primeiro, o Grêmio abriu 0-2 com dois de Perea, e ficou com o controle da partida. Estava bastante fácil, porém ainda não se chegara ao domínio pleno. Aos 35, Paulo Sérgio cometeu um pênalti desnecessário ao lado da área gaúcha, que Cleiton Xavier converteu com paradinha para fazer o jogo chegar ao intervalo num 1-2 aberto a todas as possibilidades.
Nos vestiários, acabou-se a lógica. Era lógico que o Figueira, tendo descontado, estando em casa, jogando agora a favor do vento e precisando do resultado, iria para cima e faria o inferno para a defesa gremista. Era lógico que o Grêmio, de um “treinador retranqueiro”, vencendo como visitante, passaria a dar chutões ou, no mínimo, deixar de ir tanto ao ataque. Pois os dois melhores lances do reinício de partida, aos três e quatro minutos da etapa complementar, foram gols perdidos pelo gremista Perea. Quem precisa da lógica? É lógico que um time com Pereira de xerife na zaga, Celso Roth de treinador, Paulo Sérgio titularíssimo e Marcel de camisa 9 seja líder de algum campeonato? Antes de a Série A 2008 começar, esse time era cotado até para o rebaixamento. E terminou a rodada de ontem como líder. Com goleada montada no ilógico segundo tempo, inaugurada pela cabeça do próprio Marcel.
Aos 53, Tcheco, acossado pela marcação na esquerda do ataque, aplica um drible sensacional e cruza para a área. O centroavante sobe e desvia o centro para as redes, testando no canto do goleiro. 1-3. Devolveu a tranqüilidade da noite ao Grêmio, iniciou a destruição do Figueirense. Em campo, um baile. O tricolor gaúcho não perderia mais de forma alguma com aquele desnível técnico tão evidente entre as duas equipes, provavelmente golearia, mas jamais faria sete gols, não fosse o desespero do técnico PC Gusmão. Ele, sozinho, foi o maior responsável pelo esmigalhamento do que ainda havia de resistência pelo lado catarinense. Cometendo o velho erro de pensar que futebol ofensivo se constrói com mais atacantes, o treinador desfez toda a meia-cancha do Figueirense. Sob o pretexto de povoar o ataque, tirava os responsáveis por fazer a bola chegar lá e pela marcação.
Grandes rombos surgiram por todo o campo, e o Grêmio chegava quando queria. Já o Figueirense... a sua noite estava tão ruim e a má fase da arbitragem brasileira é tão braba que mesmo quando praticamente não há erros, como na mediação de Paulo César Oliveira no Orlando Scarpelli, o apitador aparece: aos 67, numa tentativa de contra-ataque, um jogador do Figueira chocou-se com o juiz e perdeu a bola. Ela sobrou para o Grêmio, resultou em passe para Perea e, dos pés do colombiano, seu hat-trick e o 1-4. Pouco antes, Marcel saíra para entrar Reinaldo e este, mesmo com tempo escasso, também conseguiria um hat-trick: aos 69, 81 e 83 minutos, sempre contra zagueiros meio sonolentos da equipe da casa, o atacante reserva teve serenidade para concluir os lances e elevar a goleada normal aos míticos números de 1-7.
Um placar para afirmar o merecimento do Grêmio em terminar a 14ª rodada do campeonato na primeira colocação. Um placar incomum, difícil de ser explicado para quem não viu o jogo, como o amigo de Buenos Aires, por ser circunstancial e escapar às análises normais. No fim de semana, falávamos da incrível melhora técnica proporcionada pelo tricolor no jogo contra o Cruzeiro, em relação à patética noite dos balões contra o Santos, dias antes. Enquanto o Grêmio de sábado tinha futebol de alto nível, o da Vila Belmiro representava a total inexistência dele. Ontem também não foi futebol – foi algo acima disso. Foi um devaneio. Mas foi real.
Outros jogos:
Palmeiras 4-2 Santos: todos os gols marcados no primeiro tempo, num clássico em que o Palmeiras chegou a ter 3-0 favoráveis em menos de meia hora. O resultado botou o alviverde no G4 e enterrou o Peixe na penúltima colocação. Mais do que isso: garantiu a força do Palmeiras que, no domingo, vem a Porto Alegre encarar o Grêmio no que promete ser um confronto de antologia.
Sport 1-0 Atlético/PR: o Sport está surpreendentemente mal neste campeonato, dizem alguns comentários que vêm e vão. Na verdade, falta motivação ao Sport: o time de Recife está jogando para o gasto, apenas com a cautela necessária para não ser rebaixado, já que não precisa de mais após ter erguido a Copa do Brasil. Faz parte da cartilha de cautela derrotar adversários fracos, como o Atlético que, em 15º lugar, termina a rodada apenas um ponto acima do primeiro na zona da morte – por ora, o outro Atlético, o de Minas.
Agradecimento ao Hugo pela foto do placar de Florianópolis.
O amigo em Buenos Aires não viu nada daquilo, precisou de alguns links com vídeos e notícias para ser convencido da veracidade dos fatos e talvez ainda guarde dúvidas se tudo não eram trucagens e efeitos especiais. Não era. Uma atuação de luxo em Florianópolis fez do absurdo realidade. Isso a partir do segundo tempo. No primeiro, o Grêmio abriu 0-2 com dois de Perea, e ficou com o controle da partida. Estava bastante fácil, porém ainda não se chegara ao domínio pleno. Aos 35, Paulo Sérgio cometeu um pênalti desnecessário ao lado da área gaúcha, que Cleiton Xavier converteu com paradinha para fazer o jogo chegar ao intervalo num 1-2 aberto a todas as possibilidades.
Nos vestiários, acabou-se a lógica. Era lógico que o Figueira, tendo descontado, estando em casa, jogando agora a favor do vento e precisando do resultado, iria para cima e faria o inferno para a defesa gremista. Era lógico que o Grêmio, de um “treinador retranqueiro”, vencendo como visitante, passaria a dar chutões ou, no mínimo, deixar de ir tanto ao ataque. Pois os dois melhores lances do reinício de partida, aos três e quatro minutos da etapa complementar, foram gols perdidos pelo gremista Perea. Quem precisa da lógica? É lógico que um time com Pereira de xerife na zaga, Celso Roth de treinador, Paulo Sérgio titularíssimo e Marcel de camisa 9 seja líder de algum campeonato? Antes de a Série A 2008 começar, esse time era cotado até para o rebaixamento. E terminou a rodada de ontem como líder. Com goleada montada no ilógico segundo tempo, inaugurada pela cabeça do próprio Marcel.
Aos 53, Tcheco, acossado pela marcação na esquerda do ataque, aplica um drible sensacional e cruza para a área. O centroavante sobe e desvia o centro para as redes, testando no canto do goleiro. 1-3. Devolveu a tranqüilidade da noite ao Grêmio, iniciou a destruição do Figueirense. Em campo, um baile. O tricolor gaúcho não perderia mais de forma alguma com aquele desnível técnico tão evidente entre as duas equipes, provavelmente golearia, mas jamais faria sete gols, não fosse o desespero do técnico PC Gusmão. Ele, sozinho, foi o maior responsável pelo esmigalhamento do que ainda havia de resistência pelo lado catarinense. Cometendo o velho erro de pensar que futebol ofensivo se constrói com mais atacantes, o treinador desfez toda a meia-cancha do Figueirense. Sob o pretexto de povoar o ataque, tirava os responsáveis por fazer a bola chegar lá e pela marcação.
Grandes rombos surgiram por todo o campo, e o Grêmio chegava quando queria. Já o Figueirense... a sua noite estava tão ruim e a má fase da arbitragem brasileira é tão braba que mesmo quando praticamente não há erros, como na mediação de Paulo César Oliveira no Orlando Scarpelli, o apitador aparece: aos 67, numa tentativa de contra-ataque, um jogador do Figueira chocou-se com o juiz e perdeu a bola. Ela sobrou para o Grêmio, resultou em passe para Perea e, dos pés do colombiano, seu hat-trick e o 1-4. Pouco antes, Marcel saíra para entrar Reinaldo e este, mesmo com tempo escasso, também conseguiria um hat-trick: aos 69, 81 e 83 minutos, sempre contra zagueiros meio sonolentos da equipe da casa, o atacante reserva teve serenidade para concluir os lances e elevar a goleada normal aos míticos números de 1-7.
Um placar para afirmar o merecimento do Grêmio em terminar a 14ª rodada do campeonato na primeira colocação. Um placar incomum, difícil de ser explicado para quem não viu o jogo, como o amigo de Buenos Aires, por ser circunstancial e escapar às análises normais. No fim de semana, falávamos da incrível melhora técnica proporcionada pelo tricolor no jogo contra o Cruzeiro, em relação à patética noite dos balões contra o Santos, dias antes. Enquanto o Grêmio de sábado tinha futebol de alto nível, o da Vila Belmiro representava a total inexistência dele. Ontem também não foi futebol – foi algo acima disso. Foi um devaneio. Mas foi real.
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Outros jogos:
Palmeiras 4-2 Santos: todos os gols marcados no primeiro tempo, num clássico em que o Palmeiras chegou a ter 3-0 favoráveis em menos de meia hora. O resultado botou o alviverde no G4 e enterrou o Peixe na penúltima colocação. Mais do que isso: garantiu a força do Palmeiras que, no domingo, vem a Porto Alegre encarar o Grêmio no que promete ser um confronto de antologia.
Sport 1-0 Atlético/PR: o Sport está surpreendentemente mal neste campeonato, dizem alguns comentários que vêm e vão. Na verdade, falta motivação ao Sport: o time de Recife está jogando para o gasto, apenas com a cautela necessária para não ser rebaixado, já que não precisa de mais após ter erguido a Copa do Brasil. Faz parte da cartilha de cautela derrotar adversários fracos, como o Atlético que, em 15º lugar, termina a rodada apenas um ponto acima do primeiro na zona da morte – por ora, o outro Atlético, o de Minas.
Agradecimento ao Hugo pela foto do placar de Florianópolis.
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