
Supercopa. O dicionário define como uma “Copa suprema”. Não é assim, claro, mas potencial pra isso há: ela confronta os dois melhores times de um país na temporada anterior, os vencedores da Copa e do Campeonato. Em tese, define-se o melhor do futebol local, num onze contra onze sem deixar dúvidas. Na realidade, é somente uma agradável oportunidade de vencer um título nacional sem compromissos – a comemoração por ganhar é a mesma, ninguém vai perder a chance de se vangloriar com uma taça no armário, mas o ritmo ainda não é de cobranças e uma derrota no início do calendário oficial é incapaz de gerar crise ou desespero.
No Brasil, falta uma Supercopa. Tentou-se criar algo do tipo no início da década passada, mas a idéia já nasceu torta: ao invés de ser independente, a nossa Copa suprema considerou, em sua primeira edição, os jogos da Libertadores para entregar o título – era mais simples, pois naquela época os representantes brasileiros eram justamente os vencedores da Copa e do Campeonato e estavam obrigados a disputar o mesmo grupo no torneio sul-americano. O Grêmio superou o Vasco nessa edição pioneira em 1990, o Corinthians ganhou do Flamengo em 1991, já com uma final separada, e em 1992 a várzea baixou: a CBF parou de organizar o torneio, provocando a mudança de nome e o fim da participação do campeão da Copa – o jogo passava a ser uma Taça dos Campeões sem valor oficial e confrontava os melhores das Séries A e B. O Flamengo venceu o Paraná nos pênaltis na final daquele ano, mas a radical alteração e o desinteresse do público encerraram as disputas dali em diante.
Azar o nosso. Pela Europa, as Supercopas já disputadas ou que vêm por aí avivam as rivalidades e, nas semanas iniciais da temporada, distribuem troféus sempre bem-vindos. Abaixo, uma lista delas (vermelho para as decididas, verde para as que ainda serão jogadas):
ALEMANHA: entre 1987 e 1996, com duas edições oficiosas em 1977 e 1982, exisitu uma Supercopa na Alemanha. O jogo punha frente a frente os vencedores da Bundesliga (Campeonato) e da DFB-Pokal (Copa). Em 1997, uma revolução: para o início da temporada, ao invés de partida única, foi criada uma Copa da Liga – não no formato dos torneios homônimos ao redor da Europa (que são quase cópias das Copas nacionais originais), mas uma competição curta que reunia os cinco melhores da Bundesliga e o vencedor da Pokal; em 2007, o formato passou a ter os quatro melhores da Bundesliga, o vencedor da Pokal, e o campeão da segunda divisão. Tudo certo. Mas em 2008, faltaram datas! Sem a Copa da Liga, foi proposta uma alternativa: Bayern München (vencedor do Campeonato e da Copa) e Borussia Dortmund (vice da Copa) jogarão uma Supercopa no molde daquelas antigas abandonadas há uma década. A partida será amanhã, em Dortmund. Embora o título de 2008 não seja oficializado, os torcedores encaram o confronto com seriedade.
BÉLGICA: Standard de Liège (vencedor do Campeonato) e Anderlecht (Copa) jogam partida única em 9 de agosto.
BULGÁRIA: CSKA Sofia (Campeonato) e Litex Lovech (bicampeão da Copa, vice da última Supercopa) jogam partida única em data a ser definida.
CHIPRE: O Anorthosis Famagusta levou o Campeonato, tendo como vice o APOEL Nicósia. Na Copa, a coisa se inverteu: o APOEL fez 2-0 no Anorthosis na final, conquistando o título. O tira-teima entre os dois se dará na Supercopa que se disputará em breve.
CROÁCIA: Pelo terceiro ano consecutivo, o Dínamo Zagreb é campeão da Supercopa – e, pela segunda temporada seguida, o é de forma automática. Vencedor tanto do Campeonato quanto da Copa em 2006/07 e em 2007/08, o time não vem encontrando concorrentes para a sua seqüência. Foi a oitava Supercopa do time na história, confirmando-se como maior vencedor do torneio. A lista de campeões, por sinal, não é muito extensa: atrás do Dínamo vem o Hajduk Split, com seis taças, e não há mais clubes com o galardão no país.
ESLOVÁQUIA: O Artmedia Petržalka, que passou à posteridade como Artmedia Bratislava (nome utilizado quando da sua participação na fase de grupos da Champions League 2005/06), venceu o Campeonato e a Copa nacionais, provocando uma anomalia: quando uma equipe ganha os dois torneios do país, não há supercampeão eslovaco – o jogo simplesmente não é disputado e o título, que poderia ser automático, não é atribuído. Isso já havia ocorrido em 2006, quando o MFK Ružomberok fez o double, levantando os dois títulos da temporada.
ESLOVÊNIA: O Interblock Ljubljana (antigo NK Factor), campeão da Copa, levou a Supercopa ao derrotar o NK Domžale, vencedor do Campeonato. O jogo foi em 9 de julho, tendo um 0-0 no tempo normal e vitória dos de Ljubljana por 7-6 nos pênaltis.
ESPANHA: Num raro caso de disputa em dois jogos, a versão espanhola da Supercopa terá seu primeiro confronto no Mestalla, estádio do Valencia, casa do vencedor da Copa, e a volta no Santiago Bernabéu, do Real Madrid, campeão da Liga. Os encontros serão celebrados em agosto.
FRANÇA: O Lyon venceu a Copa e o Campeonato Francês, mas não leva o título automático – e tampouco jogará contra o vencedor da Copa da Liga, o PSG. Quem enfrentará os de Gerland pelo Trophée des Champions (a Supercopa) será o vice do Campeonato, o Girondins de Bordeaux. A final está marcada para o dia 2 de agosto e, por uma dessas bizarrices, será disputada em Bordeaux. Oportunidade de ouro para quebrar uma seqüência de títulos que o Lyon mantém desde 2002 no Trophée des Champions.
HOLANDA: O Johann Cruijff Schaal será jogado por PSV (Campeonato) e Feyenoord (Copa) em 23 de agosto. Para o PSV, é um alívio saber que o Ajax não estará do outro lado: atual tetracampeão da liga nacional, o time de Eindhoven perdeu as três últimas Supercopas para os da capital, que entravam na disputa via Copa e tinham a vantagem de jogar em casa, uma vez que a Amsterdam Arena tem sido o palco fixo da decisão desde que foi construída.
HUNGRIA: O Debrecen (DVSC) vem dominando o futebol húngaro. Em 2005, 2006 e 2007, levou o Campeonato. Em 2008, conquistou a Copa. Nos três anos anteriores havia completado sua festa também com a Supercopa. Neste, não. No último domingo, em casa, encontrou o MTK Hungária, tradicional clube de Budapeste, vencedor do Campeonato de 2008, e não pôde manter o troféu: empatou por 0-0 no tempo normal, levou 2-3 nos pênaltis. Foi o terceiro título do MTK (dono da Supercopa também em 1997 e 2004), igualando-se ao próprio Debrecen no histórico da competição. O maior vencedor é o Ferencváros, hoje na segunda divisão, com quatro taças.
INGLATERRA: Manchester United (Campeonato) e Portsmouth (Copa) disputam o Community Shield numa partida única em Wembley, marcada para 10 de agosto.
ITÁLIA: A Supercoppa Italiana terá a mesma definição das duas temporadas anteriores: Internazionale como campeã do Campeonato, Roma como vencedora da Copa. Em 2006 deu Inter, em 2007 deu Roma, e agora haverá o desempate particular deste fim de década. O confronto será disputado em 24 de agosto, nos Estados Unidos, em alguma cidade ainda não determinada. A partida irá para lá pela terceira vez: em 1993 foi em Washington D.C., e em 2003, em New Jersey. A Supercoppa de 2002 também foi jogada fora da Itália, mas bem longe da América – em Trípoli, na Líbia.
POLÔNIA: Na final da Copa da Polônia de 2007/08, o Legia Varsóvia empatou com o Wisla Cracóvia por 0-0 e precisou de dramáticos pênaltis para ficar com a taça. No Campeonato, inversão do quadro, com o Legia vice para um Wisla que fez campanha espetacular: em 30 jogos, o quadro de Cracóvia venceu 24 e perdeu apenas um. O confronto direto da Supercopa, porém, foi outra vez favorável aos de Varsóvia: no domingo passado, com um gol de Piotr Rocki aos 87 minutos de jogo, o Legia venceu por 2-1 e conquistou seu quarto título no torneio, tornando-se o maior campeão da história. O jogo foi disputado em campo neutro, na cidade de Ostrowiec Świętokrzyski, terra do KSZO, time da terceira divisão nacional.
PORTUGAL: A Supartaça Cândido de Oliveira terá lugar no estádio Algarve, a 16 de agosto, opondo Porto (Campeonato) e Sporting de Lisboa (Copa).
ROMÊNIA: Destacado por seu vice-campeonato na Copa Intertoto de 2005, o CFR Cluj fez uma temporada inolvidável em 2007/08, conquistando seus primeiros títulos na história, o Campeonato e a Copa da Romênia. Isso fará com que não haja supercampeão romeno, num caso semelhante ao da Eslováquia. É a quinta vez na história que isso acontece: o Steaua Bucareste venceu os dois torneios em 1995/96 e 1996/97 e o Dínamo Bucareste o fez em 1999/00 e 2003/04.
TURQUIA: Galatasaray (Campeonato) e Kayserispor (Copa) duelam em 18 de agosto.
UCRÂNIA: O Shakhtar Donetsk venceu o Campeonato e a Copa da temporada passada. Para haver final, foi convidado o Dynamo Kiev, vice-campeão da Liga – e da Copa também. A Supercopa do último dia 15 não poderia ser diferente: vitória do Shakhtar. Mas só veio nos pênaltis: 5-3, após 1-1 no tempo normal.
Outras: em países que seguem calendário anual, a Supercopa foi contestada no início de 2008. São casos da Rússia e da Suécia, onde os campeões foram, respectivamente, o Zenit São Petersburgo e o IFK Gotemburgo.
Um comentário:
Fala, Mauricião. Essas Copas são uma ótima oportunidade para as equipes já largarem com um título a temporada.
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