Tem sido assim há cem anos. Desde 1908, quando a extinta União Esportiva venceu o primeiro Campeonato Paraense (feito que repetiria na segunda edição do campeonato, em 1910), triunfar naquele estadual é algo para poucos. Mudam os jogadores, os torcedores, mudam os treinadores e patrocinadores, os estádios, adversários e mudam, até mesmo, os candidatos a surpresa do ano. Mas não há surpresas no Pará. Nunca mudam os campeões. Tem sido assim há cem anos, e desde que a União Esportiva ergueu seu bicampeonato e se acabó, apenas três outras equipes, todas também de Belém, levaram os troféus pra casa: Paysandu, Remo e Tuna Luso (e esta também caminha para o sumiço).
Foi assim em 2008, na edição do centenário. Os credenciados para consumar a zebra foram os representantes do Águia de Marabá. E os campeões não foram eles, é claro. Com um empate na partida de ida da final por 1-1 e uma vitória por 2-1 na volta, disputada no último domingo, o Remo comemorou pela segunda temporada consecutiva, atingiu 42 títulos na história e voltou a igualar o seu palmarés estadual ao do Paysandu – atrás deles, vêm a Tuna com 10 conquistas e a União com as suas duas; o total é de somente 96 edições porque em 1909, 1911, 1912, 1935 e 1946 não houve campeonato.
O Águia fez o melhor que se esperava dele. Acabar com um vice é o mais alto que um de fora de Belém pôde chegar, até hoje, no Paraense. Tem sido assim há cem anos. Durará outro século a falta de campeões para o interior daquele Estado?
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No início do mês passado, revisávamos as disputas estaduais ainda em andamento pelo Brasil. Hoje, começando julho, praticamente todas elas estão encerradas. Abaixo, as definições de junho e os três campeonatos que ainda não encontraram um fim:
Acre: uma campanha quase perfeita valeu ao Rio Branco seu segundo título consecutivo e o 25º na história. Campeão dos dois turnos, levando a taça sem precisar de final, o time fez um trajeto de 12 vitórias e 1 derrota em 13 jogos. A última rodada foi em 15/06, e o vice-campeão foi o Juventus.
Piauí: a jornada de volta da final foi no dia 22/06, consagrando o Barras como campeão. O time havia sofrido 3-1 na ida, fora de casa, e deu o troco no segundo jogo: fez 1-0 e, como não havia saldo de gols, obrigou a disputa de uma prorrogação. Nela, meteu mais dois para sair de campo com um belo 3-0 e o título inédito.
Roraima: o Atlético Roraima teve a sua vingança contra o Progresso. Diante deles, havia perdido o Primeiro Turno nos pênaltis após empatar o jogo da decisão. Mas o time foi lá, repetiu as boas apresentações no curtíssimo Segundo Turno, venceu a fase, e chegou à final do Roraimense para a revanche: no primeiro jogo, aplicou 5-3 no Progresso. No segundo, disputado no sábado 28, saiu campeão... com um empate: 1-1. Foi a 17ª taça do clube em 35 campeonatos, praticamente um título a cada dois anos. Na outra ponta, ressalte-se o lindo papel representado pelo GAS, o tal pior time do mundo: 6 jogos, 6 derrotas, 4 gols feitos e 42 sofridos.
Tocantins: jogando pelo resultado, o Tocantins Futebol Clube, de Palmas (antigo Atlético Tocantinense), ergueu a primeira taça de sua história. O time empatou em casa pela insossa contagem de 0-0 com o Gurupi na quinta-feira passada, e não fez mais pela falta de necessidade: havia vencido por 0-1 na ida.
Amapá: as semifinais, em jogo único, estão sendo disputadas por estes dias. Ontem, o Cristal passou à decisão aplicando 1-0 no Trem; hoje, São José e Mazagão fazem a outra partida para determinar o finalista, e a equipe com nome de santo joga pelo empate graças à melhor campanha na fase anterior. Sobre os três grandes decadentes, um pouco de dignidade: o Ypiranga terminou em 5º lugar, empatado em pontos com o próprio Cristal, mas perdedor nos critérios de desempate, o Amapá acabou em 7º, um ponto atrás da zona de classificação e o Macapá, embora tenha finalizado no 9º e penúltimo lugar, foi honroso ao, depois de ser lanterna no campeonato inteiro, chegar à última rodada dependendo apenas de suas forças para passar de fase – acabou derrotado pelo Mazagão nesse confronto direto, ficando a dois pontos da vaga.
Maranhão: os dez times jogam em dois turnos, com uma primeira fase em liga, classificando os quatro melhores às semifinais e depois à final do turno, de onde sairá um campeão para jogar a decisão de fato pelo título de verdade. Isso no futuro, pois, por ora, o Primeiro Turno nem está concluído: das nove rodadas que devem ser disputadas, há equipes com sete ou oito jogos realizados. Invicto, 17 pontos em 7 partidas, o líder Moto Club é o único plenamente garantido na próxima fase. Bacabal (15 pontos em 8 jogos), Sampaio Corrêa (15 em 8), Maranhão (13 em 8) e Imperatriz (10 em 7) são os quatro mais sérios concorrentes às três vagas restantes nas semifinais.
Mato Grosso do Sul: pois quem diria que o Águia Negra, então com a melhor campanha da segunda fase naquele início de junho, acabaria fora do quadrangular final? No fim das contas, por culpa do saldo de gols, o time ficou em quinto lugar na tabela geral daquela etapa, e agora apenas assiste aos outros sobreviventes se digladiarem pelo troféu. No momento, o quadrangular do título teve três das seis rodadas disputadas, e o equilíbrio predomina: o Ivinhema é líder (6 pontos), acompanhado por Misto (4 pontos, saldo 0), Costa Rica (4 pontos, saldo -1) e CENE (2 pontos).
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