O Esportivo não sabe fazer uma retranca. O técnico Círio Quadros até gostaria – e não eram tão exageradas as críticas feitas pelos torcedores nesse sentido –, mas não consegue estabelecer um jogo defensivo rendoso. Por um preceito básico do futebol: assim como para ter um ataque eficiente não basta colocar em campo muitos homens na área do adversário, para se fazer uma zaga que vença os ofensivos oponentes é preciso mais que cercar a sua própria meta.
E é isso que o time de Bento Gonçalves tem feito, observadas as duas primeiras rodadas do Gauchão 2009. Entulha sua área e arredores com homens de contenção, deixando todo o resto do campo – e inclusive uma parcela generosa do seu lado do campo – para os rivais fazerem o que bem entendam. Contra o São Luiz, o resultado foi aquele segundo tempo em que o time inexistiu e cedeu o empate por 1 a 1 na Montanha dos Vinhedos. Diante do Grêmio, que não é um São Luiz, e no Olímpico, atuar de forma parecida só poderia acabar com alguma coisa entre a goleada amena e a humilhante.
Foi pela humilhante. Esbanjando uma técnica que talvez nem tenha, o Grêmio trocou passes com extrema facilidade nos rombos que a retranca mal feita do Esportivo abria, atropelando a linha defensiva do time que vestia violeta. O 5 a 0, com dois gols de pênalti, foi muito pouco para a enormidade de chances proporcionada pelos visitantes. A situação do Esportivo, num jogo como o deste sábado, agrava-se muito pelo péssimo preparo físico dos seus jogadores, que com uma hora de bola rolando já sentem a perna pesar, põem a língua para fora, e fazem uma retomada de rumo ter tons surreais.
A partir de agora, com mais um jogo fora de casa na próxima rodada e, depois, um clássico diante do Caxias, o treinador Círio Quadros precisará decapitar muitos leões se não quiser ficar a perigo. A sua retranca terrivelmente executada pode evoluir com alterações táticas e treinamento. Mas e a questão física? A um time que vem de preparação relativamente longa para o campeonato não se reserva o direito de iniciá-lo tão mal nesse aspecto.
Os outros interioranos, após semanas e até meses de treinos, voam quando comparados ao time de Bento Gonçalves e seu trote lento. Nem São Luiz, nem Santa Cruz e nem mesmo a falida Ulbra: com a bola rolando até a segunda rodada, o maior candidato ao rebaixamento no Gauchão 2009 é o Esportivo.
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