quinta-feira, 11 de setembro de 2008

(Não) Envergonhados

Boston, 6 de junho de 2008. Venezuela 2-0 Brasil.
Rio de Janeiro, 10 de setembro de 2008. Brasil 0-0 Bolívia.

O que te fizeram, Brasil? Como chegaste a esse ponto? Pela ruindade dos jogadores? Pela nem tanta genialidade dessa geração? Pela incapacidade de Dunga e sua inexistente experiência prévia como treinador? Tudo pesa. A falta de vergonha na cara, principalmente.

A Seleção Brasileira indiferente à derrota para a Venezuela naquele amistoso jamais pode ser esquecida. O simbolismo daquele jogo para representar a ruína de qualquer sentimento pró-camisa-verde-amarela-e-tradição-futebolística-brasileira ficou cristalizado na declaração de Diego – “podíamos perder”. Ao inferno com a evolução venezuelana e com a involução brasileira: não podiam. Não passivamente, como fizeram.

Depois vieram outras apresentações de desespero. Nada de futebol contra o Paraguai, nada de futebol contra a Argentina e nada de futebol nas Olimpíadas – logo a tradição de fracassos nas buscas por medalhas eles foram escolher para respeitar. Até Lula chiou com a falta de espírito do time. Só aí o Brasil resolveu jogar bola. Contra o Chile, sim, houve um pouco de futebol e de entrega. Domingo, bateram o Chile batendo no Chile (um pouco sem querer) e venceram o tradicional freguês por zero a três.

“Assim, sim”, vibraram alguns. O jogo contra a Bolívia seria o de fazer as pazes com a torcida, numa goleada fácil. Do outro lado, uma seleção com jogador do Ipatinga. Do lado de cá, até o juiz ajudando, expulsando, aos 53 minutos, um inocente boliviano que nada fez além de cumprimentar o jogador vestido de auriverde. Não venham com desculpas de defesa bem montada pelos visitantes ou dificuldade brasileira em encontrar espaços. Era, inquestionavelmente, noite para goleada. Mas os de Dunga atuaram como onze Salgados.

E nem ruborizados ficaram. Talvez, para satisfazer o próprio ego, entrem a morrer na próxima partida, consigam outra vitória enganadora, “isso é pra quem nos criticava”, e na jornada seguinte retornem à normalidade de desinteresse. O selecionado brasileiro parece não estar preocupado com a miséria em que se transformou, incapaz de ganhar, num espaço de três meses, de craquezas venezuelanas e bolivianas. O vazio do Engenhão ontem foi a resposta a isso – indiferença aos indiferentes. Aos jogadores, não à Seleção, pois a torcida ainda se envergonha.

* * *
Pelo menos a Bolívia teve uma mesa-redonda alegre em meio às suas crises internas. A festa dos seus atletas compensou o sono perdido para ver a pelada.

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