sábado, 7 de junho de 2008

Vexatório

O passado guarda a Venezuela como um adversário quase inexistente, fácil de ser dominado, goleável até placares que beiravam os dois dígitos. O futebol de lá evoluiu. Não dobrou ou triplicou sua qualidade, porque duas ou três vezes zero não representariam avanço algum, mas somou sim novos valores à sua escola. Ainda era fraco, mas já começava a acumular feitos quando resolveu se dizer capaz de brigar por classificação à Copa do Mundo ou, ainda, quando foi ao Centenário de Montevidéu fazer 0-3 no Uruguai em 2004.

Ontem, a Venezuela derrotou o mais vitorioso selecionado do mundo, o brasileiro, encerrando um histórico de sempre perder quando encontrou os auriverdes. E o triunfo foi mais que acaso: o placar assinalou 0-2 em seu favor, e o vino tinto poderia ter sido mais encorpado se não houvesse a anulação de um gol, em lance duvidoso no primeiro tempo. Na noite da sexta-feira em Boston, a Venezuela fez sua história – e, talvez, por não ter títulos, tenha alcançado sua maior conquista no futebol até aqui.

E o que resta para o Brasil, da vexatória jornada de ontem? Amistosos são pouco úteis, bem sabemos, mas dois amistosos consecutivos em baixo nível – um sofrível triunfo por 3-2 sobre o Canadá e agora o papelão de ontem – fazem soar as sirenes antiaéreas sobre a casamata de Dunga. O bombardeio está vindo. E vem na forma de críticas à risível qualidade técnica do onze escolhido pelo treinador, de envergonhar os que construíram a mística vencedora brasileira, reclamações à total falta de solidez defensiva no time que jogou os amistosos. Sim, só amistosos, apenas treinos, nem jogos oficiais eram. Mas, se eram treinamentos, foram ruins. Daqueles para se reclamar do empenho dos atletas e cobrar satisfações.

“Agora podíamos perder”, disse Diego ao sair de campo, sobre o caráter da partida. Embromador. O Brasil não pode perder para a Venezuela e se conformar.

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