As macegas tomam o campo onde, um dia, uma poderosa esquadra interiorana recebia seus adversários. As tardes de futebol terminaram. As arquibancadas estão vazias. Com exceção dos proprietários atuais e de sem-tetos que fizeram da sede abandonada seu lar provisório, ninguém vai ao estádio Wolmar Salton. Em melancolia estão imersos esses meses após a morte do Sport Club Gaúcho, de Passo Fundo.
Há quase um ano, em setembro de 2007, as dívidas acumuladas desde a década anterior, entre indenizações e salários não pagos, levaram a leilão o patrimônio do Gaúcho. Através de seu advogado, a família de um jovem que ficou tetraplégico ao se afogar nas piscinas do clube em 1996 comprou a área da sede por 1,1 milhão de reais. A idéia era revendê-la para a multinacional Wal Mart, por um valor entre 5 ou 6 milhões – algo que ainda não ocorreu.
E por não ter ocorrido ocasionou essa lenta tortura à qual os amantes do Periquito passo-fundense se submetem. Os prédios da sede, os escritórios, as piscinas, iam sendo derrubados quando o município conseguiu o tombamento, não definitivo, do campo e das arquibancadas do Wolmar Salton, a fim de preservar a memória, paralisando tudo por uma pergunta: quais critérios usar para determinar o que é ou não parte do estádio? Além disso, a rede de hipermercados só estaria interessada no terreno em sua totalidade, com 21 mil metros quadrados, ficando sem fechar negócio.
Ex-funcionários do clube lamentam a decadência, mas contam anos de serviços prestados à agremiação recebendo apenas apertos de mãos. Clamam por um eventual fim das disputas, trazendo, por tabela, o pagamento das suas ações trabalhistas e de outras dívidas feitas pelo Gaúcho em anos de administrações desastrosas. Enquanto esse dia não chega, a sede vai sendo violada: moradores de rua arrombaram o portão principal, transformaram em quartos as salas que permaneceram em pé, e armam fogueiras para resistir às frias noites invernais.
As marcas de fuligem estão lá, enegrecendo as paredes ao redor do que já foi o mais temido estádio do Rio Grande. Turvam um passado de grandeza enquanto clareiam um alerta: o Gaúcho subiu para a primeira divisão do Estado em 2005, ao lado do São Luiz, e naquele ano até jogou a Série C do Campeonato Brasileiro (à esquerda, uma formação daquela temporada). Poucos interioranos têm garantias de não despencar de forma parecida. Tradição? O alviverde de Passo Fundo completou noventa anos de fundação no último 12 de maio. Nove décadas de história destruídas.
Um comentário:
Triste cenário meu camarada. Belo post, uma matériarealmente desoladora do ponto de vista do clube, mas jornalisticamente falando , correta. na minha cidade, niterói,m o canto do rio que revelou o gérson canhotinha assim se encontra!
è o cenário do s clubes, nas grandes cidades sendo vendidos para especulação imobiliária. e sem ajuda do governo em suas ações sociais,. se denegrindo...gostei vou indicar o blog amigo..sds leandro
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