Não foi das finais mais comentadas. Mal repercutiu na mídia internacional, indo pouco além de notinhas de rodapé em alguns jornais esportivos. Mas foi uma final continental. Na madrugada brasileira deste domingo, na Nova Zelândia, o Waitakere United local recebia o Kossa FC, das Ilhas Salomão, para a segunda partida decisiva da O-League, torneio dos campeões da Oceania.
A decisão havia começado bem antes. No dia 26 de abril, em Honiara, capital das Ilhas Salomão, um ar de loucura tomou conta dos amantes do futebol e mesmo dos indiferentes ao esporte. Honiara é pequena, tem cerca de 55 mil habitantes, e seu estádio não recebe mais que um quinto disso – mas, para a primeira partida da final da Oceania, 20 mil pessoas superlotaram o Lawson Tama Stadium (foto abaixo, à direita), acotovelando-se para o grande dia, o maior talvez, de toda a sua trajetória futebolística.
Torciam pela zebra. O Kossa vinha invicto, realmente, passando com duas vitórias e dois empates por um triangular disputado com o Tafea de Vanuatu e o Ba de Fiji, mas poucos apostariam seus dólares locais na equipe da casa, cujos principais craques, exemplo de James Naka, vinham do futebol de areia. Além disso, era preciso superar um quadro muito mais forte, tradicional e estruturado – o atual campeão, afinal, um rico neozelandês que se classificara também invicto, num grupo muito mais forte, que contava com o Auckland City (também da Nova Zelândia) e o Manu Ura, do Taiti.
Mas o sonho não seria desfeito antes da bola rolar, e assim 20 mil torcedores foram para a tarde de loucura. Naquele 26 de abril, as aspirações pareceram possíveis, o improvável se convertia em realidade e, no apito final do juiz, o placar era de Kossa 3-1 Waitakere, golos de Joe Luwi (aos 21 e 42 minutos) e James Naka (aos 89) para os da casa, e Jonathan Perry (aos 48) para os visitantes.
Na madrugada deste domingo, não houve sonho que se sustentasse. A comoção nacional das Ilhas Salomão deu lugar àquilo que a O-League está acostumada: indiferença. Três mil espectadores, apenas, estiveram no Trusts Stadium de Henderson para acompanhar o atual campeão neozelandês remontar a decisão e buscar o bicampeonato continental. A final terminou em 5-0 para o Waitakere, gols de Benjamin Totori, Chris Bale, Jake Butler e Allan Pearce (2 vezes).
Assim o Waitakere ganhou sua segunda taça da Oceania e pôde aparecer no rodapé dos jornais do mundo. Logo cairá no esquecimento, como sempre aconteceu com o futebol de lá. Poucos saberão da sua sorte nos próximos meses, ouvirão a respeito de toda a loucura que o povo das Ilhas Salomão teve pelo seu time ou, mesmo, conhecerão a grandeza do clube neozelandês dentro de seu continente. Apenas no Mundial de Clubes, em dezembro, voltaremos a ouvir sobre o Waitakere United – e aí será como exemplo de fraqueza.
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