Uma vitória confirmaria um pouco mais a certeza de todos: a taça da temporada espanhola irá para as mãos do Real Madrid. O jogo poderia ser tranqüilamente vencido. Se o Madrid chutasse a gol. Mas não chutou. E não apenas ficou sem chutar à meta do Mallorca, na rodada de ontem, como conseguiu complicar uma partida teoricamente fácil. Mal outra vez, foi vítima de um cenário que criou para si próprio. Sofreu, e se deu por satisfeito com um empate.
Empate, por sinal, resultado bastante comum na temporada da equipe insular: antes da partida, o Mallorca contava treze placares de igualdade em trinta jornadas de liga; os blancos, num sentido oposto, fazem um campeonato de “oito ou oitenta”, raramente vêem o marasmo de empates, e os tiveram apenas duas vezes – a última delas na longínqua rodada 13, disputada a 24 de novembro, quando um 1-1 dividiu a pontuação no jogo frente ao Murcia.
Mas ontem, depois de tanto tempo, os merengues empataram. E dadas as circunstâncias, reencontrar o resultado foi algo visto com bons olhos. O fato de o Madrid ter saído na frente, aos 42 minutos, com gol de Sneijder após extraordinária jogada de Robben, é um mero detalhe. Incontestável, a realidade afirma que os comandados de Bernd Schuster criaram um único lance ofensivo de perigo no primeiro tempo – o gol – e foram ajudados pela arbitragem, responsável por anular um tento legal do time da casa, dez minutos antes do 0-1, por suposta falta sobre Sergio Ramos.
No segundo tempo, aquela vitória de extrema sorte se converteu ainda mais em uma vantagem sem méritos. O Mallorca cresceu de forma avassaladora. Não dava trégua para que os visitantes respirassem. Tentava em chutes de longe, bolas cruzadas por cima e por baixo, bicicletas e outros lances acrobáticos. Tentava sucesso ofensivo pelos pelos pés e cabeças de Jonás, Ibagaza, Arango, Güiza e, depois, Webó. Não conseguia. Mas seu futuro já dava sinais de que estava em modificação após o mesmo Sergio Ramos que provocara a anulação do gol ter visto o segundo cartão amarelo e acabado na a rua.
Em superioridade numérica, o time do Ono Estadi foi mais do que nunca soberano na partida. O Real Madrid chegou a um ponto desesperador em que manteve, por sucessivos minutos, os seus dez homens no campo de defesa – ao mesmo tempo em que sacava todos os ofensivos. O empate só poderia surgir, mais cedo ou mais tarde. Para Borja Valero, veio mais cedo: apenas dois minutos após ter entrado em campo, aos 72, o jogador mandou um lindo chute em curva no ângulo de Casillas para estufar as redes.
Dali em diante, a necessidade de matar tempo se tornou ainda mais evidente para os da capital. Sem atacar desde o início do confronto, o Madrid escrevia, naquele momento, uma lei: proibia seus homens de passarem do meio de campo. É bem verdade que alguns ousaram contrariá-la, mas foram punidos com a destruição de suas jogadas. A partida se encontrava nas mãos do Mallorca. Um Mallorca piedoso, que perdeu uma, duas, três, todas as chances criadas após o 1-1. Resistindo como pôde, jogando pouco e mal, o Madrid teve mais sorte que juízo para manter o empate. Desta vez, não entregou, e levou para casa um suado pontinho. Mais comemorado do que se poderia imaginar.
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