sábado, 22 de março de 2008

Os pênaltis, novamente

Em setembro, atentávamos para a festa que os clubes pequenos iam fazendo na recém-criada Copa da Liga de Portugal, a Carlsberg Cup. O torneio, com um regulamento sem prorrogações, garantindo desempate por pênaltis logo após igualdade no tempo normal, permitia que as mais improváveis equipes conseguissem sucesso contra os grandes.

O Porto caiu logo no início, derrubado pelo apenas esforçado Fátima. Poucas jornadas depois, foi a vez do Benfica dar adeus à esperança de conquistar o novo torneio. A Copa da Liga avançou até que, quando se chegava enfim na esperada fase semifinal, aquela disputada em um quadrangular, podendo favorecer os clubes maiores, apenas o Sporting aparecia como sobrevivente do trio que manda no futebol do país. Vitória de Setúbal, Penafiel e Beira-Mar completavam a chave, fazendo com que a possibilidade de zebra voltasse a pairar no ar: um deles fatalmente iria à decisão, em campo neutro, em jogo único, sem prorrogação.

Duas vitórias e um empate nos três jogos, incluindo aí um triunfo sobre o próprio Sporting, por 1-0, credenciaram o Vitória à finalíssima. O time de Setúbal não é o que se poderia chamar de “pequeno”: o clube já figurou algumas vezes com o vice-campeonato da Liga nacional, além de ter em seu histórico três Copas de Portugal, a última delas vencida em 2005. No entanto, tampouco é um gigante, e tinha ao seu lado o fator inesperado.

Hoje foi o dia da decisão, em Algarve. Era também um encontro dos leões sportinguistas com seus fantasmas: se o time vive uma época ruim e confiava no título para amenizar a situação, parte considerável da culpa vai para o próprio Vitória, hoje empatado em pontos com os de Lisboa, na 4ª colocação. E, uma vez mais, o Sporting esteve assombrado. Conseguiu dominar a posse de bola no primeiro tempo, mas criar oportunidades era pedir demais. O time falhava. E, falhando, deu chances para os oponentes crescerem.

Liderado por um Cláudio Pitbull inspirado, o Vitória de Setúbal saiu do seu reduto defensivo na etapa complementar. Logo no quinto minuto, o brasileiro acertaria uma cobrança de falta na trave. Pouco depois, outra chance desperdiçada, agora por Bruno Gama, deixou a idéia de que o primeiro gol da decisão não tardaria. O passar do tempo acabou dando outra tônica ao embate: os pênaltis se aproximavam, o Vitória gostava e, assim, apenas afastava o perigo que rondava a sua meta; o Sporting, desesperado e sabendo que a loteria poderia lhe tirar a taça, foi ao ataque na garra, mas sem inteligência.

O 0-0 permaneceu. E a glória, definitivamente, deu adeus aos de Lisboa. Legendário, o goleiro Eduardo parou três tiros dos leões, pondo no placar o 3-2 favorável aos de Setúbal. Eles eram os primeiros donos do novo título. Os pênaltis novamente derrubaram um grande na Copa da Liga.

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