Em setembro, atentávamos para a festa que os clubes pequenos iam fazendo na recém-criada Copa da Liga de Portugal, a Carlsberg Cup. O torneio, com um regulamento sem prorrogações, garantindo desempate por pênaltis logo após igualdade no tempo normal, permitia que as mais improváveis equipes conseguissem sucesso contra os grandes.O Porto caiu logo no início, derrubado pelo apenas esforçado Fátima. Poucas jornadas depois, foi a vez do Benfica dar adeus
à esperança de conquistar o novo torneio. A Copa da Liga avançou até que, quando se chegava enfim na esperada fase semifinal, aquela disputada em um quadrangular, podendo favorecer os clubes maiores, apenas o Sporting aparecia como sobrevivente do trio que manda no futebol do país. Vitória de Setúbal, Penafiel e Beira-Mar completavam a chave, fazendo com que a possibilidade de zebra voltasse a pairar no ar: um deles fatalmente iria à decisão, em campo neutro, em jogo único, sem prorrogação.Duas vitórias e um empate nos três jogos, incluindo aí um triunfo sobre o próprio Sporting, por 1-0, credenciaram o Vitória à finalíssima. O time de Setúbal não é o que se poderia chamar de “pequeno”: o clube já fi
gurou algumas vezes com o vice-campeonato da Liga nacional, além de ter em seu histórico três Copas de Portugal, a última delas vencida em 2005. No entanto, tampouco é um gigante, e tinha ao seu lado o fator inesperado.Hoje foi o dia da decisão, em Algarve. Era também um encontro dos leões sportinguistas com seus fantasmas: se o time vive uma época ruim e confiava no título para amenizar a situação, parte considerável da culpa vai para o próprio Vitória, hoje empatado em pontos com os de Lisboa, na 4ª colocação. E, uma vez mais, o Sporting esteve assombrado. Conseguiu dominar a posse de bola no primeiro tempo, mas criar oportunidades era pedir demais. O time falhava. E, falhando, deu chances para os oponentes crescerem.
Liderado por um Cláudio Pitbull inspirado, o Vitória de Setúbal saiu do seu reduto defensivo na etapa complementar. Logo no quinto minuto, o brasileiro acertaria uma co
brança de falta na trave. Pouco depois, outra chance desperdiçada, agora por Bruno Gama, deixou a idéia de que o primeiro gol da decisão não tardaria. O passar do tempo acabou dando outra tônica ao embate: os pênaltis se aproximavam, o Vitória gostava e, assim, apenas afastava o perigo que rondava a sua meta; o Sporting, desesperado e sabendo que a loteria poderia lhe tirar a taça, foi ao ataque na garra, mas sem inteligência.O 0-0 permaneceu. E a glória, definitivamente, deu adeus aos de Lisboa. Legendário, o goleiro Eduardo parou três tiros dos leões, pondo no placar o 3-2 favorável aos de Setúbal. Eles eram os primeiros donos do novo título. Os pênaltis novamente derrubaram um grande na Copa da Liga.
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