No início da temporada espanhola, o Valencia, como grande clube, era colocado em todas as listas de favoritos ao título da Liga. Foi necessária apenas a primeira rodada da competição acabar para as dúvidas, uma constante neste 2007/08, terem início. Naquele 28 de agosto, em pleno Mestalla, o Villarreal passeou e bailou por 0-3. Desde lá, todos os ensaios de reação mostrados pelos valencianos tiveram o triste fim de se acabarem como enganosos.
A Champions League, sonho antigo, foi um verdadeiro fracasso. Uma única vitória em seis jogos, duas derrotas contra o fraco Rosenborg norueguês e o patético último lugar do grupo – que tirava dos espanhóis até a consolatória vaga na Copa da UEFA, destinada aos terceiros colocados. Na Liga, aquela em que se entrara com favoritismo, as coisas tampouco iam bem. Mais vexames, como os 1-5 sofridos dentro de casa para o Real Madrid, em outubro, resultaram numa campanha que, hoje, conta 12 derrotas em 28 jogos, e não passa de um reles 10º lugar na classificação.
Jogadores simbólicos do elenco, como Angulo e Cañizares, foram afastados pela comissão técnica. Desesperados, os torcedores clamavam por mudanças. Nas gradas do Mestalla, o cântico “Koeman vete ya”, pedindo a saída do treinador Ronald Koeman, foi convertido no hit do futebol espanhol pelos dois primeiros meses de 2008. Da mesma forma, o presidente Juan Soler era alvo de todas as críticas possíveis – sobre ele, no poder desde outubro de 2004, dizia-se que pegara um clube campeão nacional e da Copa da UEFA e transformou num candidato ao rebaixamento.
Toda a pressão foi inútil para trazer resultados mais convincentes. No dia 12 deste mês, três dias depois de ver o Valencia entregar o empate em casa para o Deportivo num jogo que vencia por 2-0, o desgastado Soler apresentou sua demissão do cargo. O fato, ainda que esperado há tempos, caiu feito uma bomba e pôs em dúvida o fim da temporada valenciana. Estaria o time perdido irremediavelmente até o meio do ano?
Pois havia uma esperança. Enquanto os objetivos eram destruídos por sucessivas derrotas, o Valencia sobrevivia silenciosamente na Copa do Rei. Dentro do clube, com razão, diziam que o torneio eliminatório era um parêntese dentro de tudo o que estava se vivendo. Poucos levaram aquilo a sério – na próxima fase, haveria de surgir um adversário capaz de superar aquela equipe desarrumada. Foi assim, em descrédito, que os de Koeman superaram a Real Unión de Irún, o Betis, o Atlético de Madrid. Em meio às ruínas de sua temporada, atingiram as semifinais da Copa, ficando a três jogos de um troféu nacional.
Pensava-se que o tal adversário superior apareceria finalmente, encarnado na figura do Barcelona. Não apareceu. Tanto no Camp Nou como no Mestalla, os catalães foram dominados, inferiores, e jamais tiveram chances de vencer o confronto. Na ida, dentro de casa, conseguiram empatar por 1-1 graças a um gol marcado no último minuto. Ontem, inapelavelmente, levaram 3-2 como visitantes. No seu 2007/08 desgraçado, o Valencia consegue atingir sua impensável final de Copa do Rei, ficando a 90 minutos de uma taça a ser disputada com o Getafe. O título, agora tão próximo, não tem a mesma grandeza da Liga, cogitada no início da temporada, mas é um doce alento para torcedores que não sonhavam mais.
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