Desde que o sistema de liga foi adotado oficialmente no campeonato de Portugal, na temporada 1938/39, o histórico da competição não pode ser tomado como exemplo de equilíbrio ou emoção. Desde lá, o título foi, quase que invariavelmente, para as mãos de um desses três: Benfica, Porto ou Sporting.
Houve surpresas, sim, mas numa dose ridícula. Apenas dois heróis conseguiram erguer a taça além do trio, e mesmo assim, com gerações futebolísticas de intervalo entre eles: em 1946, o Belenenses superou o Benfica por um ponto para levar o título, enquanto em 2001 o responsável pela surpresa foi o Boavista - também com apenas um ponto de vantagem, naquela ocasião sobre o Porto. Temporadas como essas duas são meras exceções que vêm para confirmar a regra. A contagem massacrante já bota 31 troféus na galeria benfiquista, 22 na do Porto, e 18 na do Sporting.
Um domínio tão grande sempre provoca incredulidade quando um dos três grandes passa por fase difícil. A decepção da vez é o Sporting, quinto colocado na liga, que vive crise e periga seriamente ficar de fora das taças européias: sustenta-se, com dificuldades, na última vaga que levaria à Copa da UEFA.
A campanha não empolga, o time venceu apenas 9 jogos em 22 rodadas e conta somente 34 pontos - vinte a menos que o líder, Porto; a vice-liderança é do Benfica, com 40 unidades. Na última rodada, uma derrota por 2-0 para o Vitória de Guimarães (foto), adversário direto, complicou ainda mais a situação: o time de Guimarães chegou aos 38 pontos, assentou-se no terceiro lugar, e seria o último representante lusitano na Champions League, tendo que jogar a fase preliminar. Outro Vitória, o de Setúbal, situa-se no quarto posto, com 37 pontos.
Neste momento, a pontuação mostra ser mais fácil que o Sporting perca a vaga na UEFA do que suba uma mísera posição na classificação: se três pontos o separam dos de Setúbal, apenas dois o deixam acima do concorrente de baixo, o Belenenses. Caso o desastre se confirme, será a primeira vez desde 2001 que um dos três grandes portugueses não acaba entre os cinco primeiros. Naquela temporada atípica, o Benfica foi quem levou a pior.
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