A equipe montada pelo Juventude para esse início de 2008 é provavelmente a coisa mais bisonha que o clube do Alfredo Jaconi já apresentou na década. O time é fraco, boas tramas são raras, e sequer tem se mostrado complicado colocar o alviverde na roda - que o diga o São Luiz, que fez fáceis 4-0 nos caxienses recentemente. De qualidades, o destaque pode ir apenas para o goleiro Michel Alves e o matador Mendes, artilheiro do Gauchão.
Por sua vez, o Internacional de Porto Alegre tem feito um começo de temporada altamente promissor. Depois da glória no torneio amistoso em Dubai, o que se viu foi uma campanha arrasadora no Gauchão e na Copa do Brasil, com direito ao melhor ataque no estadual e goleadas de 0-4, 0-5 e 0-6, fora de casa. O futebol empolgante e ágil da equipe, com jogadores que, aproveitando-se da fraqueza dos oponentes, ocupavam todos os espaços do campo, ganhou alcunha da imprensa: o Inter passou a ser chamado de "carrossel", em alusão aos holandeses da Laranja Mecânica.
Apenas um time conseguiu superar o Colorado em 2008 - e o fez duas vezes: o fraco Juventude. A história recente diz que o Ju é touca do Inter. Geralmente os ditos do futebol são meramente oportunistas, criados para contar um fato consumado. Neste caso, é diferente. Quando derrotado por 0-1 em pleno Beira-Rio pelos caxienses, no primeiro turno, o Internacional tratou de vencer seus jogos seguintes e fazer o episódio ser considerado um "acidente de percurso". Era mais que isso. Ontem, em Caxias, o Juventude voltou a triunfar, e com baile: 3-0.
A verdade é que o Inter poderia passar por cima do Juventude, como fez com boa parte dos seus companheiros de chave. Mas a mística acaba por prevalecer, o assombro da história faz os jogadores entrarem mais tensos, necessitando vencer para quebrar uma escrita. O time joga diferente. É um confronto normal, mas o Inter, há muito, não encara assim. E perde. Perdeu por 0-4, dentro de casa, para o melhor Juventude da história, na Copa do Brasil de 1999; perdeu por 3-0, no Centenário de Caxias do Sul, ontem, para o pior Juventude da década. E não se duvide que seguirá perdendo, transformando a touca, cada vez mais, numa improvável freguesia.
O futebol costuma apresentar alguns fenômenos. O Juventude é um deles.
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