quinta-feira, 27 de março de 2008

Dor

"Ali, do terceiro para o quarto lugar, um ponto, um gol, um confronto direto, qualquer mísero detalhe é capaz de diferenciar heróis de fracassados, gloriosos de incertos." O trecho, extraído do texto sobre a Segunda Divisão Espanhola, bem poderia ilustrar o que se viu, ontem, na rodada final do Gauchão. Com uma diferença: a briga era para fugir do quinto e alcançar o quarto lugar, último que garantia vaga na próxima fase.

Um mísero detalhe, o que eliminou o São Luiz. Dessa vez, o time ijuiense até fez a sua parte - jogou mal, sim, mas mostrou a mesma raça do resto do campeonato para conquistar um resultado favorável. Antes da partida, apresentassem um contrato "empatar e não fazer jogo", provavelmente muitos são-luizenses assinariam sem maiores dúvidas. Era difícil buscar mais no Bento Freitas. E o São Luiz, depois de sair perdendo por 2-0 e levar baile, buscou o tal empate. Contra todas as expectativas, achou gols aos 83 e 88 minutos, conquistando um 2-2 que, em situações normais, bastaria para a vaga. Mas...

Mas, no outro confronto da noite, o Juventude mostrou porque é, provavelmente, a mais fraca equipe dentre as oito classificadas no Gauchão. Dentro de casa, contra um São José de Porto Alegre quase morto, os caxienses foram amplamente dominados. Levaram 0-2, poderiam ser goleados, e só foram descontar o placar num pênalti. Era o resultado impossível da noite acontecendo. Era o Juventude dando o terceiro lugar para os porto alegrenses e pedindo "me derrubem! me derrubem!".

Para derrubá-los, faltou um gol ao raçudo São Luiz. Faltou o detalhe. Poder-se-ia reclamar de dois lances duvidosos de pênalti não assinalados em favor dos ijuienses, mas o time foi digno demais no campeonato inteiro para acabar chorão feito um Botafogo. Não, o São Luiz não foi eliminado pelos lances duvidosos. Caiu com os mesmos 20 pontos do classificado Juventude. Caiu tendo um saldo melhor que os caxienses, perdendo menos jogos que eles, fazendo mais gols, e ainda tendo uma enorme vantagem no confronto direto. O detalhe, aquele que derrubou o São Luiz, acabou sendo o número de vitórias, o primeiro dos critérios de desempate: na sua inconstância, o Ju venceu seis vezes, contra cinco do ex-rubro ijuiense.

Este São Luiz de 2008 não merece ser lembrado como aquele que passou treze rodadas na zona de classificação para, na última, cair. Certamente, os atletas que orgulharam a torcida do 19 de Outubro serão recordados como aqueles que lutaram até o minuto final, que buscaram a remontada mesmo quando não havia mais tempo para ela, que fizeram campanha superior à do oponente que acabou abocanhando a classificação. Sim, o guerreiro São Luiz ficará na memória pela caminhada que surpreendeu a todos, pelo grande que foi nesta temporada. No entanto, com dor, será lembrado também por tudo aquilo que poderia ter sido.

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