terça-feira, 28 de julho de 2009

Prece da campina

Sob o sol que flutua mais alto que um esférico erguido num chutão – e até mesmo que nossos maiores sonhos –, pedimos:

Que as defesas de Douglas sejam pedras a honrar a faixa que o anunciou como muralha.

Que a raça de Miro, o Balboa, prevaleça sobre todas as outras raças da terra.

Que os AFÉLIOS de Morelli em relação à sua meta, nascidos nos átimos mais inesperados, continuem.

Que a emoção de Rangel, transparecida nos acontecimentos duma batalha, derrote a frieza sem alma.

Que a POSSANÇA de Bi pisoteie as mais incautas linhas de defesa. E de meio. E de ataque. E do que aparecer.

Que as declarações de guerra feitas por André Tereza a cada bexiga de boi perdida não sejam bravatas obscuras, mas janelas.

E que as janelas se abram para um horizonte de triunfo.

Que a fala de Giovani, o SERMONEIRO, eleve a união da tropa, esfalfando as MESNADAS que se opuserem.

Que Vainer, o caído, reapareça. Nem que seja por um dia. Nem que seja no último de todos os dias.

Que as jornadas de Luís Fernando ganhem maior constância.

Que as investidas de Silvano façam seu nome ecoar dos molhes torrenses à pampa de São Borja.

Que não haja paradoxo maior que Laguna, o “displicente” artilheiro.

E que da proteção da casamata venha SAPIÊNCIA.

Que as mãos de Bebeto Rosa conduzam mais uma força expedicionária à história.

Que os ingressos de Rafael Viana sejam menos dúvida e mais temor do outro lado.

Que as vozes das arquibancadas tenham razão quando pedem por “Alfa”, “Alfi”, “Alfina” ou uma das tantas variantes.

Que a simples menção ao moicano Alfinete produza a magia de sempre.

Se não por razão, por fé.
E que todos os mantidos na reserva estejam aptos a substituir qualquer um.

Que todo o sofrimento tenha sido o prólogo da felicidade.

Para que os degraus dos Eucaliptos se encham até o fim dos tempos.

Seja numa tarde sem esperanças.

Seja numa tarde de desesperanças.

Seja numa tarde como a de ontem, numa segunda-feira, para ver o inédito.

- Para ver o Riograndense bater o Brasil de Farroupilha por 1 a 0 e ir ao quadrangular final.

Que a primeira passagem do Riograndense a uma fase decisiva de Segundona desde a volta ao profissionalismo não morra nisso.

Que os cânticos quase de título virem, de fato, cânticos de título.

Pois numa Segundona o verdadeiro troféu é ascender.

Que o coração colmado de amor supere o bolso vasto de dinheiro.

Que a menor folha salarial do quadrangular final vença a riqueza da Metrópole.

Para que os gritões dos alambrados, esses que por paixão lotam o estádio em tardes de dias úteis, ganhem o que merecem.

E não terminem desiludidos diante de felizes torcidas inexistentes.

Que a memória dos últimos dez anos jamais se apague.

Que cada uma das temporadas de fracassos, derrotas e eliminações tenha sido um passo na direção do sonho.

Que a lembrança da dor de outros invernos cause luta.

E que a luta faça o achicamento nunca voltar.

Que as almas presentes na cancha nesses dias de 2009 e nas tardes que vieram antes terminem o ano como testemunhas de uma lenda.

Que possam soprar nos ouvidos – para evitar olvidos – das gerações futuras que acreditaram nuns guerreiros insaciáveis.

Até o fim.

Até a vitória.

Até a eternidade.

Bem-aventurados os que creem nesses guerreiros, pois deles é o reino da Primeira Divisão.

E que o capitão Bonaldi tenha piedade dos infiéis.

Amém.

Todas fotos minhas, tiradas durante Riograndense 1-0 Brasil, ontem.

2 comentários:

Jorge Vieira disse...

Parabéns, este blog é muito bom.

Unknown disse...

Olá Maurício,

Concordo com Jorge Vieira, este blog é muito bom. Tanto que quero convidá-lo para escrever para o Jornal da Manhã. Explico: Estamos criando, com foco em novos leitores, uma editoria "jovem". E como já havia conversado com o teu pai sobre vc. Foi no Dia dos Pais do ano passado. Lembra que saiu uma foto no jornal, as gerações. Ele me contou que vc fazia jornalismo, escrevia e tal, logo me veio o teu nome quando começamos a pensar em colunista para esse projeto. Vc não seria o único. Você poderia continuar escrevendo sobre futebol, mas entrar em outros temas também se quisesse. De qualquer forma o projeto da nova editoria está em desenvolvimento. O teu pai já é nosso colunista. Na minha opinião seria muito legal vc participar. Mesmo que esteja agora em Sta Maria. De qualquer forma, peço que me dê um retorno.

Um abraço e parabéns pelo blog...

Janis

escreva para janisloureiro@gmail.com ou panorama@jornaldamanhaijui.com