domingo, 8 de fevereiro de 2009

Erechim, um dia antes do Clássico

O Gre-Nal é um clássico de quatro cores. Três do Grêmio, duas do Inter, mas como ambos têm branco, quatro. No sábado, timidamente, surgiram um quinto e um sexto coloridos em Erechim. Ao longo da Sete de Setembro, avenida que passa em frente ao Colosso da Lagoa e dá acesso à cidade, as inúmeras bandeiras e camisas de tricolores e alvirrubros dividiam espaço com os símbolos auriverdes da torcida do Ypiranga local.

Que, por supuesto, recebia o Juventude para abrir a rodada 6 do Gauchão 2009. Para este, como nos outros jogos normais do time, foram cobrados apenas trinta reais por um ingresso de cadeiras (alô Inter-SM), no maior e melhor estádio de todo o interior gaúcho. Apesar disso, o público que a direção projetava ser de oito mil para a tarde de ontem não passou de três mil pessoas. Erechim e arredores vivem o Gre-Nal, e preferem pagar os 150 paus cobrados para assistir ao maior clássico do Brasil.

Às vezes o fazem tardiamente: contrariando algumas notícias equivocadíssimas que anunciavam “ingressos esgotados” para o Clássico desde sábado passado, ontem à tarde ainda havia 1,2 mil bilhetes disponíveis. Eu não comprei porque estava lá para ver o Ypiranga, sentir o clima pré-Clássico da cidade e nada mais. “Como nada mais, tás louco?” Ora, domingo tem São Luiz e Avenida no 19 de Outubro, um jogo para mim muito mais valioso e necessário de se acompanhar in loco do que um mero duelo de capitalinos desinteressados pelo estadual.

Mas nem todos pensam assim e muitos erechinenses deixaram o time regional de lado para ir ao aeroporto recepcionar o Inter, cujo avião sobrevoava a cidade e estava prestes a pousar no momento em que cheguei a Erechim, pelo início da tarde. Dentro do Colosso, comentava-se: “o Gre-Nal matou o Ypiranga”. Acabou com grande parte do interesse em relação ao jogo de sábado, que afinal de contas era contra o famoso-apesar-de-decadente Juventude, e também diminuiu a graça de ver o Inter atuar naquele gramado (de novo) quarta-feira, agora contra o auriverde.













Todo o carinho das torcidas do Ypiranga e do Juventude para com a Dupla


Esses são uns dos aspectos que fazem o tal movimento “Anti Gre-Nal” ser fortalecido em pontos do interior. Faixas com essa inscrição, que existiam em Pelotas e sumiram depois do auxílio da Dupla ao Brasil, ainda podem ser vistas em Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Santa Maria e, ontem, fizeram-se presentes em Erechim, tanto do lado do Ypiranga quanto por parte da Papada. Eis o estranho vórtice no qual estão metidos o Gauchão e seus clubes: o campeonato só existe pelo interesse do público no interior, que permite a sobrevivência dos times dali, que só é possível pela presença dos clubes da capital, que atraem torcedores aos estádios interioranos, dando a eles renda mas roubando as suas torcidas, ao mesmo tempo em que desprezam o estadual e chegam a cogitar o seu fim.

Todos os jogos de interioranos em casa contra a Dupla lotam. O vazio do Inter-SM contra o Grêmio na primeira rodada, causado pela marcação da partida para uma TARDE DE DIA DE SEMANA, e o provável menor público do Ypiranga contra o Inter na próxima quarta, provocado pelo atípico Gre-Nal em seu estádio, enquadram-se nas exceções que não desmentem o seguinte resumo: o Gauchão continua aí por causa dos interioranos, mas quem permite essa continuidade são os dois da capital. Tire Gre e Nal do Gauchão e o que sobra é uma Copa Lupi Martins, sem mídia e com arquibancadas vazias. Irônico, triste, real.

Enfim. O Gre-Nal de hoje lotará. O jogo do Ypiranga, ontem, foi a vítima disso. Lamentável que uma equipe boa como montou o Canarinho este ano, e com uma estrutura dessas, esteja tão mal de apoio, mas fazer o quê. Pelo menos o time seguiu em frente e, com a bola rolando, não foi muito ameaçado pelo Juventude e venceu por 1 a 0 com relativa tranquilidade. Não pode ser diferente para uns jogadores que entram em campo chamados para a guerra, ao som de um hino que prega: “vencedores, fiquemos constantes; não seremos jamais derrotados”. Os caxienses, por Júpiter, conseguem ter um ataque pior que o do São Luiz. Assim o Ypiranga chegou a 12 pontos, manteve-se na liderança do grupo, quase classificado, e foi dormir com a melhor campanha interiorana do Gauchão até agora.

Falta todo o resto da rodada, mas na saída do Colosso da Lagoa, quando encontravam um colorado na rua, alguns fiéis torcedores auriverdes batiam no escudo do peito e alertavam, em tom ameaçador: “quarta vai chegar”. Vai, e aí veremos quem é quem. Mas, antes, tem um Gre-Nal.

3 comentários:

Marco Costa disse...

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Se eu estivesse em Erechim, não perderia Ypiranga-Juventude por NADA! Quem pagou 200 reais pelo Gre-Nal, pagaria mais 50 para ver esse jogo.

Estou a tempos com a impressão que o Brasil é o país dos clubes, não do futebol...