No domingo em que a lógica foi contrariada pelas bandas do Rio e de São Paulo, com Josiel marcando seu primeiro tento pelo Flamengo, o não-fazedor-de-gols Lenny anotando um hat-trick e o artilheiro Kléber Pereira passando em branco após acertar QUATRO bolas na trave, houve quem dissesse ter avistado os cavaleiros do apocalipse no horizonte. Troteando.
É provável que, perto do fim da tarde, estivessem vindo anunciar a iminência do juízo final no Rio Grande do Sul, escolhendo vitórias do Internacional de Santa Maria e do São Luiz como evidências mais claras de que algo muito errado estava acontecendo. Com essa ajuda sobrenatural, o Inter-SM do ameaçado treinador Abel Ribeiro pôde fazer 2 a 0 no bom Ypiranga de Erechim, em São Gabriel (foto), e o São Luiz cometeu o absurdo de vencer o Veranópolis no Antônio David Farina pela primeira vez em todos os tempos.
Afora derrubar as estatísticas, a vitória são-luizense não teve extravagâncias. Foi 0 a 1, só, porque se quer manter a glória de ter o pior ataque do campeonato. Então, um gol, pois é isso que o Juventude, ferrenho competidor pela condição, tem feito. O segundo gol do São Luiz em quatro rodadas do campeonato. O segundo dele, Maurício, vaiado, lento, ruim, e artilheiro do time. Esse Gauchão, em que passam aos mata-matas oito dos dezesseis times que disputam a fase regular, é divertido por dar aos piores a oportunidade de se classificar. E lá estão o Esportivo e o Inter-SM em terceiro e quarto lugar na chave 1, e o São Luiz com pontuação igual à do quarto colocado do grupo 2.
Um time com Maurício como goleador indo disputar o título do turno? O fim tem que estar próximo mesmo. Mas ao término das partidas de Santa Maria e Veranópolis os cavaleiros do apocalipse ligaram o rádio, ouviram os outros resultados e bateram na testa. O Grêmio fazendo 1 a 5 no Novo Hamburgo, por melhor que o Noia aparente ser, e o Inter metendo 4 a 0 no Sapucaiense eram coisas naturais demais para se usar como prenúncio de revelação.
Guerra, emputecido, olhou para Peste, que tirou o seu da reta apontando a Fome como culpada do trote dos cavalos. Fez isso só pela analogia, porque todos sabiam que a opção por evitar o galope havia sido da Morte. Que àquela altura abria um discreto sorriso, um pouco pela tabela, um pouco pelos companheiros, pois nunca esteve em sua mente anunciar o apocalipse neste domingo. Interessava-lhe criar esperanças nos torcedores mais desconfiados, para ter o que matar quando chegar a hora de honrar o ditado nas últimas rodadas.
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