BENTO GONÇALVES – Em condições normais, quase ninguém lembra das datas exatas de uma viagem do passado. Recorda-se o ano, talvez o mês, mas dias mesmo são poucos. A menos que tenha acontecido algo de importante. Eu lembro da última vez em que estive em Bento Gonçalves por causa do São Luiz.
Julho de 2005, na semana entre os dias 18 e 23. A Segundona Gaúcha corria feroz, e o rubro ijuiense vinha numa bela corrida. Primeiro colocado na primeira fase, segundo na segunda, novamente primeiro na terceira etapa. Classificado, classificado e classificado com louvor. Havia acabado de vencer o rival Santo Ângelo por 1 a 0 em casa, pela terceira rodada do quadrangular final, que também liderava – contava, então, somente quatro derrotas em 31 jogos disputados no campeonato. As semanas eram cheias. Jogos aos sábados ou domingos e às quartas ou quintas.
Aí a pausa.
Naquela semana entre os dias 18 e 23, intervalo de passagem do primeiro para o segundo turno do quadrangular, não houve jogos. Eu vim a Bento, mas com a cabeça nos confrontos seguintes, calculando o que faltava para o São Luiz retornar à primeira divisão do futebol gaúcho depois de duas temporadas ausente. Era quase uma utopia: vencer o mesmo Santo Ângelo no dia 24 garantiria o acesso com duas jornadas de antecedência. Fácil demais, não podia ser. As coisas nunca são tão fáceis.
Mas foram.
O São Luiz, cujo grande nome era o meia Chiquinho, venceu o rival regional por 1 a 2 como visitante e subiu. Deu-se o luxo de perder para o Gaúcho por 1 a 0 no dia 27, resultado que também confirmou o time de Passo Fundo na elite em 2006, e assegurou o título na última partida, disputada no dia 31 de julho em Ijuí, com uma vitória por 3 a 1 sobre o Internacional de Santa Maria que então tinha o matador Josiel.
Os ventos do tempo mudam as situações. Hoje Chiquinho é ídolo de duas torcidas, tendo feito o nome no próprio Inter-SM depois de abandonar o 19 de Outubro. Josiel, ainda que no ostracismo dos que não vingaram, está na história como artilheiro da Série A brasileira de 2007 pelo Paraná. O Gaúcho de Passo Fundo não existe mais. O Inter de Santa Maria, após anos e anos de quases, finalmente subiu em 2007 – e forte. Neste momento entra em campo para encarar o Grêmio na Baixada Melancólica depois de dez anos. E eu... eu estou de volta a Bento Gonçalves. Para ver, contra o Esportivo, um jogo do São Luiz pela primeira divisão estadual – algo corriqueiro atualmente, mas não mais que um sonho naquela semana de julho de 2005.
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