quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O que preocupa na noite

Faz tanto tempo que o Brasil não joga um amistoso contra um time europeu dentro de casa que o último deles foi diante de um país que nem existe mais. Eu nem lembrava desse jogo. Na memória vinha aquele amistoso com a Islândia, em 2002, vencido facilmente pelo time do Felipão por 6-1, numa ação conjunta da melhor qualidade brasileira com o calor infernal de Cuiabá, local da partida, que derreteu os gélidos islandeses. A última partida-em-casa-contra-europeu, na realidade, ocorreu vinte dias depois daquela: a 27 de março, em Fortaleza, o Brasil recebeu a Iugoslávia, que a seguir mudaria de nome para Sérvia e Montenegro e depois sofreria o processo de balcanização final, originando dois novos países em 2006.

A Seleção venceu os iugoslavos por 1 a 0, gol de Luizão, que substituiu Ronaldo, o Fenômeno, no segundo tempo. Entraram em campo naquele dia: Marcos, Lúcio, Ânderson Polga (depois Denílson), Roque Júnior, Cafu, Émerson (depois Kléberson), Gilberto Silva, Roberto Carlos (depois Júnior), Ronaldinho (depois Juninho Paulista), Ronaldo (depois Luizão) e Edílson (depois Djalminha). Armando-se para a Copa do Mundo que ocorreria em junho, o time escalado não fugiu muito do que se veria na convocatória final: dos que jogaram contra os iugoslavos, apenas Djalminha não foi chamado para o torneio na Coréia e no Japão – Émerson também foi cortado, mas por conta da luxação no ombro sofrida às vésperas da estréia na Copa. A Seleção fez mais três amistosos depois do de Fortaleza, todos fora de casa: 1-1 com Portugal (17/04), 3-1 no combinado da Catalunha (18/05) e 4-0 na Malásia (25/05).

O amistoso de hoje tem bem menos importância em relação a preparações copeiras do que o de seis anos atrás. Tem o mérito de trazer para cá nomes importantes do Velho Mundo, como Cristiano Ronaldo, que de outra forma não desembarcariam em solo brasileiro, mas o jogo em si está aí somente para aproveitar uma data disponível, para reinaugurar o Bezerrão, glorioso estádio que, com o rebaixamento do Gama, sediará a portentosa Série C, e para atrapalhar equipes com jogos marcados para esta quarta-feira. “Equipes”, não: equipe. O Inter, desfalcado de Alex para a sua jornada de Copa Sul-Americana. Mas se o jogo da Seleção traz pouco interesse pela importância, o do Colorado tem a sua audiência reduzida por estar praticamente definido. Apenas o desalinhamento dos planetas e a fúria dos deuses podem tirar o Internacional da inédita final do segundo torneio da América do Sul. A inaceitável remontada do Chivas, que levou 0-2 em Guadalajara e tem menos time, só não seria comparável ao que Olimpia fez no Beira-Rio numas semifinais de 1989 (vitória por 2-3 e classificação nos pênaltis após levar 0-1 em Assunção) porque daquela vez era Libertadores e valia mais.

O Inter de 2008, ao contrário do de dezenove anos atrás, que antes da tragédia do Olimpia já havia mostrado falta de espírito de decisão ao perder duas finais de Brasileirão consecutivas, se garante. No Distrito Federal, Alex pode ficar tranqüilo com o seu clube. Deverá se preocupar mais em conseguir que Dunga tenha o bom senso de deixá-lo pelo menos no banco.

Foto daqui.

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