Bebeto Rosa, o falastrão treinador do Riograndense, viu-se perdido ao testemunhar os quatro gols a zero que o verde de Santa Maria levou na lejana Passo Fundo. Depois de intermináveis jornadas pela fase de grupos da Copa Lupi Martins, o Riograndense - que apresentava bons números e interessante futebol - afundou tristemente no Planalto Médio, no jogo de ida das oitavas-de-final, sem notar a cor da bola nem o belo Vermelhão da Serra.
Bebeto, que ascendeu o Inter-SM a elite estadual, sem alternativas mais viáveis diante do placar adverso resolveu apostar na imortalidade: que não era a sua e nem do time que comanda. Apelou ao Grêmio e a Batalha dos Aflitos.
Bebeto, que ascendeu o Inter-SM a elite estadual, sem alternativas mais viáveis diante do placar adverso resolveu apostar na imortalidade: que não era a sua e nem do time que comanda. Apelou ao Grêmio e a Batalha dos Aflitos.
E a batalha estava marcada para ontem, sexta-feira, dia incomum para a prática futeboleira e mais ainda para remontadas que ingressarão na história, o único fim justo para reviravoltas do tipo. Na preleção, os relacionados assistiram ao filme que emocionou milhares de gremistas depois do inesquecível vinte e seis de novembro do já distante ano de 2005. Como o modesto elenco do Riograndense é composto em boa parte por jogadores - gaúchos - das categorias de base do próprio clube, é provável que muitos sejam torcedores do Grêmio - o que aumenta o efeito motivacional da película.
Necessitando de cinco tentos para honrar a quase centenária memória do Periquito e com sangue pulsante após a inspiração no heroísmo de Galatto e Anderson, o rubro-esmeralda adentrou o gramado dos Eucaliptos ilusionando a sua remontada inolvidável.
O início de jogo não foi o ideal para quem busca a realização de uma façanha. Nos primeiros minutos, quem chega com perigo é o Passo Fundo, obrigando o arqueiro Fabiano a importantes intervenções. A pelota não parava no pé dos locais, o que inviabilizava qualquer tentativa de pressão alucinada, prática necessária para o início de um jogo assim. Isso tudo antes do centroavante Leando Safira domar o esférico e entregar para o rápido Yung deslocar com precisão o guarda-metas adversário. O 1-0 era o que faltava para que os ânimos se modificassem abruptamente. Enlouquecidos com o tento, os verdes rumaram ao campo de ataque ignorando qualquer cuidado defensivo e até mesmo físico, já que a correria era absurda. Poucos instantes depois, Paulão, beque central de conhecida virilidade, apareceu de surpresa e testou para os cordões: 2-0.
Nas palavras de um locutor passo-fundense, "os jogadores do Riograndense estão claramente possuídos". Em nova chance de gol criada no primeiro tempo, o zagueiro Sidnei salva com a mão um grito de Safira, que insistiu após série de escanteios. Pênalti e expulsão. O 3-0 e a remontada nunca pareceram tão concretos. Luciano, o goleiro que leva nas costas o número 96 em alusão a idade do clube, atravessa o campo para marcar o gol que arrasaria o tricolor. Conhecemos então, o fator negativo de assistar à Batalha dos Aflitos. Ademar e Bruno Carvalho não são exatamente as melhores inspirações para as penalidades máximas. Luciano chutou tristemente mal, viu Vagner defender com facilidade e temeu pelo que estava por vir. Acabava-se aí um insano e delicioso primeiro tempo.
Talvez Bebeto, empolgado com o plano que deu certo, tenha aproveitado o intervalo para exibir os extras do DVD. Fato é que, sabe-se lá como, o Riograndense voltou ainda mais avassalador na segunda etapa. No embalo da torcida, que percebeu presenciar rara epopéia, Luis Fernando transforma uma falta quase sem ângulo no terceiro gol. Ele, Alfinete, Yung e Safira destroçaram por completo a defesa visitante. Mas foi Paulão - em dia mágico - que anotou o quarto. Em bons anos de Inter-SM, não lembro de muitos gols do zagueirão. Dois em um mesmo dia, posso garantir que foi a primeira vez. Como atacante oportunista, venceu Vagner e, no placar agregado, buscou o 4-4.
Remontado estava, porém, inevitavelmente, como sempre ocorre nestes dias de intensa glória, não pararia por aí. Luiz Fernando, de constestado a herói, brindou o imponente pavilhão dos Eucalitpos com um gol olímpico espetacular. Atoardoado, o quadro do Noroeste gaúcho ainda sofreu ao ver o meia Léo invadir a grande área e carimbar incríveis 6x0. De imediato, soou como alívio o apito final para os derrotados. Para os verdes, trata-se de um jogo que nunca irá terminar.
Um comentário:
Sem dúvidas, um jogo épico. Parabéns ao Periquito.
Ah, e parabéns também pelo blog. Leio-o com freqüência.
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