Sandro Goiano. “Só de saber que posso ajudar o Grêmio, vou fazer mais força ainda. Dá o recado aos gremistas: contem comigo”. O destaque do caderno de esportes da Zero Hora de hoje (reprodução acima) era pra essa declaração do ícone da história recente gremista, eternizado na calçada da fama tricolor, que está no Sport por uma dessas reviravoltas do destino – e um lamentável abandono por parte da direção tricolor no fim do ano passado, insuficiente para diminuir a ligação entre o atleta e o clube.
O homem é um fenômeno. Ele avisou para que contassem com seu esforço. Ele quis ajudar o Grêmio. E ele nem precisou entrar em campo. Assistiu a tudo da casamata, acorrentado e com uma focinheira, apenas espumando de raiva para amedrontar os jogadores do Palmeiras. Resultado: primeira derrota alviverde dentro de casa no Campeonato Brasileiro, por dolorosos 0-3. Se Sandro estivesse em campo, sobraria pouco do quadro paulista...
Imaginário gremista à parte, o verdadeiro dono da noite no Palestra Itália foi Roger, autor dos dois primeiros gols dos pernambucanos. Também brilhou a estrela de Durval, o malvado, que deu pinta de goleada ao jogo, convertendo o terceiro na parte final do confronto. Permaneceu o Palmeiras cinco pontos atrás do Grêmio, e os gaúchos só jogam esta rodada no sábado.
Edmundo. Ao Vasco o jogo de hoje foi uma tragédia. Expulsão no primeiro tempo, domínio pleno do Cruzeiro, placar descontado mais tarde sem ter muitas perspectivas de buscar o empate, 1-2 à metade do segundo tempo. Estava terrível e ficou ainda pior aos 73 minutos, hora em que Guilherme, dos mineiros, driblou o arqueiro Tiago, que o derrubou e foi expulso. Era o segundo pênalti para o time de Belo Horizonte na partida. E não havia mais substituições pelo lado dos cariocas.
Com nove, sem goleiro, o Vasco tinha que mandar um homem da linha para a meta. Foi Edmundo (acima, preparando-se para o pênalti, em reprodução da TV). Ele levou o gol na cobrança desde os onze metros, como era de se esperar, mas atuou dignamente diante de um Cruzeiro que pouco faria depois para ampliar mais a vantagem já erguida aos 1-3. No último lance do confronto, o Animal fez boa defesa em cabeçada à queima-roupa. Ganhou aplausos entusiasmados da torcida presente em São Januário, que teve o mérito de reconhecer o empenho do seu jogador mesmo derrotada.
Edmundo deixou o gramado chorando. Falava da injustiça de se treinar toda a semana para ter o trabalho estragado por uma arbitragem questionável, dizia ter sido ridicularizado em campo pelos demais, deprimia-se um pouco por estar à beira da aposentadoria com o seu Vasco de tantas taças nessa situação de rebaixável. No entanto, elogiava o apoio fiel da torcida, emocionado com ela. Juntos, ambos tiveram dias bem melhores. Há quem qualifique o evento como autopromocional. Este redator discorda. Edmundo sujeitou-se à humilhação de ir para baixo do arco, onde provavelmente faria figura patética, quando poderia facilmente passar a responsabilidade adiante sem ser questionado. Tão carente de ídolos reais nesses últimos tempos, o futebol brasileiro viu, nesta noite de quinta-feira, Edmundo aceitar o risco com grandeza. E chorar com sinceridade.
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