Por que não vemos mais o Grêmio como campeão? A pergunta emergiu ontem, durante uma discussão sobre mais um resultado insatisfatório do líder, e a resposta dada é a mesma de semanas anteriores: porque o Grêmio do returno do Campeonato Brasileiro não joga como campeão. Em sete jogos, venceu apenas dois, ambos em casa, e um deles, contra o São Paulo, graças a um gol irregular. Foi desfazendo os números incomparáveis construídos nas dezenove rodadas iniciais e perdendo algumas das marcas que não permitiam contestações à sua liderança – já não é o quadro com mais vitórias e, do ex-melhor ataque da competição, por exemplo, viu-se, nos últimos três jogos, uma equipe capaz de balançar as redes uma solitária vez.
Como resultado para a decadência, chegamos ao final desta 26ª rodada com dois virtuais campeões nacionais. Agora, não é apenas o Grêmio quem depende exclusivamente de suas forças para levar a taça – estando o Palmeiras um ponto atrás e havendo um embate direto pela frente, os alviverdes também só precisam fazer a sua parte. Além disso, enquanto olhamos todos para essa briga dos dois primeiros, um silencioso Cruzeiro espreita, contando recuperáveis quatro pontos a menos que os gremistas.
Diante disso, dizem, o Gre-Nal do próximo domingo valerá o campeonato. Seja o Grêmio ultrapassado após a próxima jornada, dificilmente recuperará o topo da classificação.
É uma supervalorização errada do jogo. Chamemos de Gre-Nal do Século, alcunha que provavelmente será recebida por outro clássico nos próximos 92 anos, mas o duelo de inegável importância a ser travado no Beira-Rio não pode ser encarado pelos gremistas como a partida para, em caso de uma rodada terrível (derrota sua e vitória do Palmeiras), marcar a perda da competição. O calendário mostra: nas quatro rodadas posteriores, o Grêmio terá três jogos em casa e outro perfeitamente vencível fora, contra a Portuguesa.
Se num Gre-Nal absolutamente tudo pode acontecer, tornando qualquer resultado racionalmente aceitável, nas quatro partidas a seguir vitórias são obrigatórias a um time que quer sair campeão. É a manutenção de um 100% (ou, no mínimo, um 83%) de aproveitamento nessas rodadas que definirá o Brasileiro em favor do Grêmio ou de seus concorrentes mais ferozes.
Aquele racionalmente ali é o complicador. Um clássico é sempre emocional, e um novo resultado ruim do Grêmio daria peso à crise que se tenta negar. Nesse caso, se faltar força para o time “agüentar a pressão”, como diria Diego Souza, o Gre-Nal basta para matar os tricolores.
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O pênalti: houve muito choro a respeito do suposto pênalti cometido em Soares aos 88 minutos do jogo na Arena da Baixada, ontem. Como seguidor do estilo de um estilo de arbitragem que só marca faltas em casos extremos, eu não apitaria coisa alguma naquele lance – o atacante gremista abriu as pernas, deixou a jogada tentadora para se dar um carrinho buscando tirar a bola do seu poder, como fez Zé Antônio. Ainda assim, o lance é discutível. E Alício Pena Júnior mostrou não ser um árbitro do meu estilo – marcou miles e miles de infrações quando não houve, evidenciando inexistência de critérios na jogada da penalidade máxima e dando justificativas às reclamações gremistas.
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