terça-feira, 26 de agosto de 2008

Do quarto lugar à quarta divisão

Santa Cruz. Não há, na história do futebol brasileiro, exemplo de semelhante decadência. Até porque não houve, até este ano, perspectiva de criação de uma quarta divisão neste país. Em 2009, existirá uma Série D. E é para lá que o Santa Cruz de Recife deve ir.

Vamos aos fatos: no fim de semana, é do conhecimento de todos, os corais empataram dentro do Arruda com o Campinense paraibano (1-1) e ficaram sem possibilidades de seguir na Série C, faltando uma rodada para o encerramento do seu grupo. A chave tem Salgueiro e Icasa empatados na liderança, com 8 pontos, o próprio Campinense tentando algo mais atrás, com 6, e o Santinha na lanterna, somando míseras 3 unidades, todas em empates.

Estando a Série C de 2009 por ser completa por vinte equipes, e passando dezesseis desta segunda fase (quatro delas, no fim, serão substituídas pelos quatro rebaixados da B), somente os quatro melhores eliminados no estágio atual da competição conseguirão manutenção da vaga na nova terceirona. O Jornal do Commercio de Recife estampou, na sua edição de ontem, que Só um milagre salva o Santa, esperando uma improvável combinação de resultados que favorecesse o time pernambucano e o deixasse entre os tais quatro. Convenhamos, a esperança não se justifica: considerando os virtuais eliminados neste momento, há dez times à frente dos pernambucanos, alguns deles com duas, três ou até quatro partidas a menos.

É praticamente fato consumado: na Série C o Santa Cruz não fica. Conclui, assim, o pior ciclo de rebaixamentos do nosso futebol: descenso da Série A para a B em 2006, da B para a C em 2007 e da C para a recém-criada D em 2008. Como toda desgraça que parece não ser capaz de ficar pior mas fica, o time nem garantido está na quarta divisão: precisará fazer uma participação boa nos torneios estaduais para obter o direito de representar Pernambuco.

Os que vemos clubes de estádios vazios, ao estilo de Ipatingas, na primeira divisão, e quadros de grandes torcidas, como o Santa (havia um decente público de 17 mil pessoas assistindo à eliminação de domingo), lá embaixo, lamentamos. Não por uma manhosa “injustiça”, porque um sistema desses premia o mérito, refletindo a competência (ou ausência dela), mas pelo sumiço de times tradicionais no maior cenário nacional. E o Santa Cruz... o Santa Cruz era um time que, há três anos, ascendia ao Brasileirão em grande estilo.

Ah, aqueles dias de novembro de 2005. Os mesmos que consagraram o Grêmio que agora sonha com o título nacional deram fim à angústia coral, fazendo o clube subir para a elite como vice-campeão dos gaúchos. Aqueles dias foram de doce ilusão para todos os torcedores que lotavam cada fileira das arquibancadas do Arruda. Ali, à metade da década, aparentavam dar largada para repetir isso (clique para ampliar):Mais de trinta anos separam o Santa Cruz de hoje desse passado, do quarto lugar no Brasileiro de 1975. Sabe-se lá quantos outros serão necessários para um feito semelhante no futuro.

Imagem cedida por João Renato Alves

2 comentários:

San Tell d'Euskadi disse...

Maurício,
Eu li o regulamento da Série C de cabo-a-rabo, e não há qualquer menção sobre as quatro vagas restantes para a Série C do ano que vem. Me parece que o critério está em aberto, para a CBF escolher quem ela bem entender. Se assim for, pode ser que ela adote o ranking nacional, ou maior presença de público. Nesses casos, o Santinha estaria dentro.

Um abraço.

San Tell d'Euskadi disse...

Pára tudo. Em 4 de julho, a CBF esclareceu o critério. Eu não estava no Brasil e não li! Estás certo.

Um abraço.