terça-feira, 12 de agosto de 2008

Vale algo o Gre-Nal de quarta?

Discute-se muito no Rio Grande do Sul sobre quanta atenção deve ser dada ao iminente Gre-Nal válido pela Copa Sul-Americana. A primeira partida, amanhã, tem atraído a atenção de parte dos torcedores como uma chance de ouro para a continuidade do ano, enquanto outros mantêm uma postura de indiferença. Afinal, vale algo o Gre-Nal de quarta? Com os próprios redatores do blog discordando sobre a resposta, deu-se uma espécie de debate (na verdade, uma defesa de posições), e a seguir temos duas opiniões sobre como o jogo de daqui vinte e quatro horas deverá ser visto pelo Estado:

NÃO VALE
Por Maurício Brum

Gre-Nal, sabemos, é Gre-Nal. Por ele, jogadores consagrados suam frio na noite da véspera e um Estado fica eletrizado durante semanas até parar nas duas horas decisivas. Dele, um Estado se alimenta pelos dias seguintes, à base de flautas e lembranças. Um Gre-Nal marca a temporada, quando não a divide em períodos distintos – quase sempre. E o de quarta-feira é um dos que justifica o “quase”.

O Grêmio nunca esteve tão bem no Campeonato Brasileiro. Nunca, nem quando foi campeão. Jamais o tricolor, por pontos, esteve tão superior à concorrência. Tampouco, ao menos nesta década, pôde se orgulhar de uma mobilização tão grande pelo torneio nacional. O pensamento está no São Paulo, está em manter a condição louvável, está, enfim, em coisas sérias. E aí aparece a Sul-Americana. Time cansado, concentração por outro objetivo... mistão nela! Sem hesitar.

Escalando reservas, o Grêmio tira de si a responsabilidade e do jogo a importância, não criando, entre os torcedores, clima para ilusionar a taça continental. Dizem por aí que o Inter deve mandar seus principais nomes, incluindo D’Alessandro, o que, diante de um adversário desfigurado, minimizaria muito qualquer coisa boa feita no clássico: passaria a ter o dever de, no mínimo, se igualar ao “favorito” rival, e uma vitória não teria um décimo do efeito salva-temporadas que uma diante da formação titular gremista causaria. Uma derrota, embora feia, seria somente mais uma.

Assim como os tricolores, o Inter não tem por objetivo principal a Sul-Americana. Sua necessidade factual é alcançar desesperadamente uma vaga na Libertadores do ano que vem, e sua situação não mudará pelo obtido amanhã. O de quarta ainda será um Clássico, originará discussões e teses. Mas será um Clássico encerrado em si próprio. No global da temporada, será uma mera distração - e valerá bem pouco.


VALE
Por Iuri Müller

Quando um Gre-Nal valer simples e unicamente por ser um Gre-Nal, alguém poderá dizer que esta é a essência. Que um dos maiores clássicos do sul da América não precisa de incentivo qualquer. Que a tradição de quase um século de batalhas ferrenhas, de rivalidade indescritível e de duas paixões banca qualquer partida.

Engana-se, porém, quem pensa que este pensamento se aplica para o Gre-Nal que chega, o primeiro da Copa Sul-Americana. O clássico de quarta-feira tem um valor incontestavelmente maior para o lado do Internacional, que em condições de ter um ano brilhante alcançou como glória apenas o título estadual. No Brasileirão, decepções sem fim e uma desoladora décima colocação. Eis que surge um Gre-Nal. Há oportunidade melhor para ressurgir e balançar o até então imbatível rival?

No Grêmio, cautela e time misto, dizem. A liderança isolada no primeiro turno do campeonato nacional já é concreta (não sonhamos) o suficiente para que o tricolor dedique seus dias ao título que não vem desde o distante 1996. A Sul-Americana aparece no meio do caminho e, mesmo sem ser bem recebida, não foi ignorada. Verdade que uma eliminação não soaria como trágica, mas eliminar o rival de todos os dias e avançar na competição internacional seria o maior dos estímulos possíveis. A situação do Inter? Creio que seria melhor nem ver.

Quarta, novamente, é dia de Gre-Nal. O Beira-Rio deve lotar, motivos não faltam, seja pela história ou circunstância. E o Gre-Nal, só ele, transfigura o momento e dois ambientes, ocupa totalitariamente as horas, santifica Pedro Júnior e atormenta Renan.

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