Foi um jogo interessante. Bom, até. Ao final do Portuguesa e Flamengo, comentava-se que o jogo deveria seguir por mais umas duas horas e não ficaria moroso, tão movimentado que estava. Quatro gols, placares buscados, pênaltis para todos os lados e um herói emergindo no fim. Cenário espetacular. Por desgraça, cenário armado por erros grotescos daquela que talvez tenha sido a pior arbitragem do Brasileirão 2008 – e é difícil de conquistar esse título num campeonato de tantos apitadores fracos: na rodada de ontem mesmo, houve no mínimo um par de erros decisivos em outras partidas.
Somente um dos quatro gols anotados no Canindé é livre de contestações. E o quinto, que poderia haver, também mereceria algumas discussões nas mesas-redondas desta quinta-feira. Dos dois gols irregulares do Flamengo aos discutíveis pênaltis lusitanos, havendo depois um outro penal não-convertido mas nem por isso menos polêmico em favor do Fla, um festim.
Os rubro-negros devem ter pego algumas lições com a Seleção Brasileira de vôlei que está no Rio de Janeiro para encontros da Liga Mundial, e fizeram o máximo esforço para passar a aparência de bons alunos. Começaram aos 34 minutos, quando Ronaldo Angelim desviou a bola escandalosamente com a mão para anotar 0-1. Um lance tão terrível que nem no vôlei deveria valer – seria condução. Mas no futebol, para o glorioso árbitro Evandro Rogério Roman e seus assistentes... gol.
O voleibol flamenguista voltaria a ser apresentado aos 42 minutos: Juan levantou bola na área, Diego Tardelli (que seria expulso no segundo tempo por, veja só, tocar com a mão na bola) ergueu a mão buscando um desvio goleador, mas só conseguiu encontrar adversários; a sobra, porém, foi para Ibson anotar o que então era o gol de desempate. Desempate, pois três minutos antes a Lusa havia logrado o 1-1 pelos pés de Diogo: um pênalti originado numa falta bastante questionável, e que foi batido duas vezes. A marcação da penalidade máxima pode ser reclamada, mas a repetição não: além de Bruno fazer a defesa após se adiantar (muito pouco), houve invasão de defensores menguistas.
Do início do segundo tempo veio o único gol da noite a salvo de críticas para o trio de apitadores. Sem dúvidas, sem repetições. Jaílton, esse sim merece toda a raiva dos torcedores do Fla: marcando um Jonas meio perdido dentro da área carioca, resolveu derrubá-lo com extrema estupidez. Diogo, que havia batido mal os dois anteriores, dessa vez não falhou e pôs o 2-2 no marcador. O raro momento sem erro da arbitragem não a faria escapar das polêmicas: aos 88 minutos, novo pênalti, agora para o Flamengo, e a iminência do quinto gol vinda de uma falta também duvidosa (porém aceitável) cometida por Gavilán. Novamente houve repetição. Se Bruno não resistira à segunda, contudo, o goleiro Sérgio suportou ambas: pegou o primeiro, invalidado, e o segundo tiro de Ibson. Adiantou-se em ambas, mas não se podia esperar peito de um trio de arbitragem tão fraco para ordenar mais uma volta...
Dois a dois. O certo seria dizer que ninguém ganhou e que todos perdemos, porque esses apitadores são emblemáticos num Campeonato Brasileiro de raros jogos sem polêmica. Mas fiquemos com uma mensagem mais positiva: ganhamos sim. Ganhamos uma mostra concreta do desastre a que todos os impotentes clubes deste país estão sujeitos nas competições que disputam. Pelo menos há o consolo de que poucos juízes são realmente mal-intencionados – a maioria é ruim mesmo. E ruindade, acredita-se, pode ser corrigida. Gancho neles, então.
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Outros jogos:
Coritiba 1-0 Ipatinga: time enjoado é esse Ipatinga. É fraco, é o pior da primeira divisão, mas tem conseguido fazer algumas partidas decentes e complicado a vida de quem tem questões mais sérias a tratar. A vinda dos três pontos do Coxa ficou pendente até os 75 minutos de partida, quando Carlinhos Paraíba, contando com desvio da zaga, acertou um golaço.
Cruzeiro 0-1 Goiás: pela segunda rodada consecutiva, o Goiás bate um candidato ao título – e agora fora de casa. Pela segunda rodada consecutiva, o Cruzeiro é derrotado – e agora dentro de casa. Os mineiros ainda estão nas primeiras posições e os goianos continuam próximos do rebaixamento, mas o ânimo das duas torcidas nesta semana é oposto ao que as posições da tabela indicariam.
Vitória 2-0 Náutico: no final só pode haver um. Duelaram os dois times nordestinos de campanhas acima do esperado até aqui no Brasileirão e foi o Vitória highlander quem decapitou os adversários para continuar no topo. Já bem longe do G4 com o qual sonhou, o Timbu despenca para o 11º lugar. Os baianos mantiveram suas aspirações, foram dormir na vice-liderança do campeonato e apenas um ponto atrás do Flamengo.
Vasco da Gama 3-3 Fluminense: ao lado do prélio do Canindé, o outro grande duelo da noite. Após Edmundo fazer 1-0 para os cruzmaltinos na etapa inicial, o segundo tempo trouxe cinco gols, num ritmo avassalador. O Vasco chegou a abrir 3-1, mas Washington, aos 74 e Tartá, aos 81, recuperaram para os tricolores. O que mais marcou no confronto, porém, foi o tento incrivelmente perdido por Leandro Amaral, sem goleiro e na pequena área, quando o placar ainda era de empate em zero.
Botafogo 4-0 Atlético/MG: Lúcio Flávio abriu a contagem de pênalti, no primeiro minuto de jogo. Tinha cara de goleada e acabou sendo, mas talvez a história tivesse outro fim se não fosse o da arbitragem: aos 9 minutos, Gedeon teve seu gol de empate anulado por impedimento inexistente. Apenas no segundo tempo vieram os três tentos finais do time carioca, enterrando um Galo que volta à zona de rebaixamento.
Internacional 2-0 São Paulo: o Colorado dominou os visitantes, que pouco puderam fazer para reagir no Beira-Rio: viraram presas fáceis de um Nilmar que, se já vinha jogando bem, agora voltou a marcar gols (e sem estar impedido). A partida também contou com um juiz (nome ao boi: Heber Roberto Lopes) afetado por essa epidemia de equívocos decisivos: Dagoberto teve um gol legal anulado quando ainda estávamos em 0-0. Enquanto espera reforços, o Inter vai dando sua escalada na tabela e atinge o 6º lugar, um ponto atrás do tricolor paulista.
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