Quando a última final da última Copa tiver sido disputada, será o fim do futebol. Havendo um livro de profecias futebolísticas e, nele, um capítulo destinado ao fim do esporte, certamente existiria um trecho assim. O futebol não acabou ontem, mas uma Copa internacional que agonizava há tempos teve a última jornada de sua história.
Morreu a Copa Intertoto. Torneio criado em 1961 para dar aos aficionados em apostas esportivas a chance de queimarem seu dinheiro nos meses de verão europeu, inventando jogos numa época de pouco futebol, manteve um formato respeitável até 1967. Dali em diante, passou por longas décadas sem ser disputada e retornou em 1995, sob a tutela da confederação continental, com pouco valor: seria transformada em torneio qualificatório à Copa da UEFA, com vagas distribuídas entre os seus “campeões” anuais. A primeira Intertoto dessa nova era teve dois “campeões” e, a partir de 1996, seriam três os premiados. O resquício de glória em conquistá-la foi apagado finalmente em 2006: a competição curtíssima (três fases, com os representantes mais fortes entrando apenas na terceira) passou a ter nada menos que onze vencedores. Campeão, no entanto, só haveria um: a placa (ao lado, a vencida pelo Newcastle em 2006) seria dada ao time classificado via Intertoto que chegasse mais longe na Copa da UEFA.
Embora pitoresca, dando chances ótimas de times desconhecidos encontrarem grandes forças continentais que, por uma má temporada, estejam na Intertoto, a competição sempre atraiu poucas luzes. Em dezembro do ano passado, a UEFA anunciou o seu fim – a partir da próxima temporada, os clubes antes qualificados à Intertoto entrarão nas preliminares da Copa da UEFA, o que, na prática, é quase o que acontece hoje. Com um clima de nostalgia, passaram-se as três fases de 2008. No sábado e ontem, os onze jogos de volta das finais da última Intertoto de todos os tempos foram definidos, com vitórias de favoritos onde havia favoritos, um público antológico para o Napoli (60 mil pessoas foram ao San Paolo saudar o retorno às noites européias, cenário retratado na foto do topo) e alguns fins tristes, como a eliminação do tradicional Honvéd em casa e do bravo Neftçi azerbaijano, que sobrevivera desde a primeira fase e, tendo vencido na ida, pintava de grande zebra. O único time vindo da primeira fase a sair vencedor foi o Elfsborg. Abaixo, as partidas (entre colchetes, o placar agregado):Chernomorets Burgas (Bulgária) 0-1 Grasshoppers (Suíça) [0-4]
Vaslui (Romênia) 2-0 Neftçi (Azerbaijão) [3-2]
Honvéd (Hungria) 1-2 Sturm Graz (Áustria) [1-2]
Tavriya Simferopol (Ucrânia) 1-0 Rennes (França) [1-1] {Pênaltis: 9-10}
Deportivo La Coruña (Espanha) 1-0 Bnei Sakhnin (Israel) [3-1]
Aston Villa (Inglaterra) 1-0 Odense (Dinamarca) [3-2]
FK Riga (Letônia) 0-0 Elfsborg (Suécia) [0-1]
Stuttgart (Alemanha) 3-0 Saturn (Rússia) [3-1]
Rosenborg (Noruega) 2-0 NAC Breda (Holanda) [2-1]
Braga (Portugal) 3-0 Sivasspor (Turquia) [5-0]
Napoli (Itália) 1-0 Panionios (Grécia) [2-0]
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