Os rumos do jogo de Berna, entre Holanda e Romênia, estariam diretamente ligados com o que ocorresse no confronto simultâneo de Zurique, o França-Itália. Se os outros empatassem, não seria preciso que os romenos forçassem ou os holandeses se cansassem à toa – o empate classificaria a surpresa do Leste Europeu, um time teoricamente abaixo da média, portanto de sobrevivência interessante aos demais concorrentes, e também não tiraria a invencibilidade da brilhante campanha laranja.
De início, com ajuda da formação mista mandada a campo por Van Basten, essa chance de empate de compadres ditou as regras do encontro. Aí, por volta dos 25 minutos, saiu o gol italiano, fazendo 0-1 na partida concomitante, deixando a Romênia dependente de vitória para continuar na Euro. Era demais para a Holanda. Os dos Países Baixos firmavam por um empate, não por uma derrota que mancharia a campanha com desconfianças e perda de um aproveitamento invejável. Sem ter mais porquê manter uma igualdade, os líderes do Grupo C começaram a encontrar espaços que antes “não apareciam”, e impuseram o ritmo conhecido. Desnecessário fazer um esforço anormal para acumular chances contra os romenos, e assim foram perdidas uma, duas, três, diversas jogadas holandesas.
Perdido não era o domínio do duelo, mesmo com 0-0. Nem a tentativa romena de pressionar no segundo tempo, buscando um triunfo que os classificaria independentemente do que acontecesse em Zurique, pôde alterar o quadro. A Holanda era soberana. Aos 48 de tempo corrido, Van Persie deu um lindo giro sobre a marcação e não fez seu golaço porque o goleiro Lobont marcou bem o tempo da jogada. O mesmo não aconteceria aos 54: Afellay cruzou bola da direita, Engelaar deixou passar e Huntelaar mandou às redes o primeiro tento holandês. O passar do tempo trouxe o fim das esperanças da Romênia de tentar se tornar o azarão vitorioso do grupo da morte. Pouco a pouco, deixou de acreditar, cedeu completamente aos adversários, que não perdoaram: no minuto 87, Van Persie faria 2-0 para deixar a média orangina em três gols por partida na primeira fase.
A Holanda dava mais um baile, e ao mesmo tempo garantia as quartas-de-final aos italianos, que por aquelas alturas também faziam 0-2 em sua partida. Os laranjas passaram jogando o melhor futebol desta Euro. Para manter sua bela campanha, entretanto, eliminaram a Romênia, cometendo a perigosa audácia de ressuscitar a Itália. A azzurra fez uma trajetória acidentada, foi criticada, mas, no fim das contas, passou à fase eliminatória. E passou da forma que adora, com dúvidas e sofrimento. Vão aos mata-matas, e neles vestem uma alma diferente, campeã. Poderão ser os algozes dos orgulhosos holandeses num futuro próximo.
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