Acabou da forma que deveria, o grande clássico da América do Sul, entre Brasil e Argentina. O autoproclamado maior jogo do mundo envolvendo seleções não saiu de um zero a zero que nega tal título, mas confirma o mau momento de ambos.
Em Buenos Aires parecem ter gostado, e o Olé exalta a atuação albiceleste que, no seu olhar, teria anulado o Brasil e passou perto de vencer. Brincalhões, eles. A Argentina, como o Brasil, foi deprimente em sua quase nulidade técnica – no primeiro tempo, não criou uma única ocasião de perigo, vindo a crescer somente na etapa complementar, quando o grande Messi brincou de ser ruim e perdeu gols imperdíveis.
Por aqui, não houve como se iludir. A paciência com a Seleção diminuiu conforme os últimos jogos se passaram: atuação ruim diante do Canadá, derrota histórica para a Venezuela, fracasso como timinho no Paraguai. Ontem, era preciso vencer. Não se diga que faltou esforço aos comandados de Dunga. Diga-se, simplesmente, que houve apenas esforço por parte dos dunguenses. E isso já é suficiente para explicitar o que restou do onze verde-amarelo. Um time que, num clássico inteiro, teve míseras duas oportunidades realmente boas – e foram consecutivas, aos 22 e 23 minutos do primeiro tempo, uma parada por Abbondanzieri, outra destruída pela estultice de Robinho que, após driblar o goleiro argentino, optou por prender a bola ao invés de passá-la.
A Argentina não fez muito mais, também, por isso o Olé exagera. Contudo, não fez menos. Por isso a raiva da maioria dos 52.527 pagantes que quase se arrependeram de gastar dinheiro para estar no Mineirão ontem. Sobrou para o único constante num time que se remonta a cada convocação. Sobrou para Dunga. O treinador, em algum ponto, desviou-se do caminho que trilhava, se é que estava andando por algum, e passou os longos minutos finais de ontem ouvindo críticas a sua inteligência, ordens para que fosse fornicado pelo orifício anal, e gritos de adeus, pedindo sua saída. A onda de insatisfação engoliu todos e cresceu, principalmente, depois de a torcida implorar pela entrada de Alexandre Pato e receber as pouco efetivas substituições de sempre como resposta. Noite de glória apenas para o Ipatinga, saudado pelos presentes como “melhor que a Seleção”.
E quiçá o Ipatinga, se bem ajeitado e com algum clima de final de Copa do Mundo, vencesse mesmo aquele timinho que se apresentou em Belo Horizonte. Ou vencesse os dois timinhos de ontem, sem qualquer injustiça de usar o plural. No início da partida da quarta-feira, creditou-se a pouca insistência ofensiva das duas equipes ao respeito mútuo que pairava sobre o campo. Ao final dela, já sabiam todos que respeito não era a causa. Pelo contrário, o que houve foi desrespeito. Sem dó, os jogadores brasileiros e argentinos desrespeitaram o histórico formador de equipes com refinado futebol escrito por seus países. Juntos, compuseram o pior clássico visto nas últimas décadas.
Um comentário:
E aí gente, vocês já pensaram em criar uma comunidade para o Blog?
Ia ser legal...
Postar um comentário