As últimas duas Eurocopas foram estranhas para os alemães. Antes delas, nas sete edições disputadas entre 1972 e 1996, a Alemanha (ou Alemanha Ocidental) esteve presente em nada menos que seis semifinais. Uma rotina que, nos dois últimos torneios do continente, em 2000 e 2004, deu lugar à decepção: em ambas, o time caiu na primeira fase. E não era time para cair na primeira fase, assim diziam as campanhas nas Copas do Mundo disputadas neste século. Estava na hora de a Alemanha forte também nas Euros voltar. Voltou hoje, no jogo da Basiléia, passando por cima de Portugal, indo de novo a umas semifinais.
Para isso, precisou de pouco mais que meio primeiro tempo: os portugueses estavam controlados quando Schweinsteiger abriu o placar aos 22 minutos; aos 26, logo na seqüência, Klose cabeceou às redes para dobrar a vantagem (foto), aproveitando-se da mão furada do goleiro Ricardo, em atuação tenebrosa. Felipão sacou João Moutinho e tentou dar maior dinamismo à sua equipe colocando Raul Meireles pouco depois do 0-2, e até o intervalo pareceu ser uma boa: Nuno Gomes descontou aos 40, Portugal estava na partida.
Não estaria mais nos três quartos de hora finais. Os onze lusos tentaram pressionar, demonstraram uma raça comovente, mas também era de comover a falta de soluções encontradas por eles. Mantendo por bons minutos muitos jogadores no campo ofensivo, Portugal parecia se reconhecer incapaz de tramar jogadas entre seus representantes – e se reduzia aos imprecisos chutes de longa distância, uma alegria para Lehmann. Cometendo falta num zagueiro português e contando com outro erro de Ricardo, Ballack fez 1-3 para os germânicos aos 61. Só um milagre à moda turca salvaria os de Scolari.
O milagre não veio. O aumento da desvantagem foi seguido por mais tentativas das menos inteligentes. Felipão, sentado na casamata e percebendo o tempo passar, imparável, reclamava aos companheiros de banco, já sabendo o pouco efeito de dar uma nova ordem ao time. Aos 87, Hélder Postiga cabeceou para as redes o segundo tento de Portugal – em campo havia quinze minutos, lembrou aquele jogo contra a Inglaterra nas quartas-de-final de quatro anos atrás, quando saiu do banco para devolver os sonhos aos torcedores no fim. Daquela vez, contudo, o seu gol era de empate; hoje, apenas um 2-3. E este foi um gol mais achado que construído. Um gol nascido da persistência, não da qualidade. A pressão dos últimos lances, estendidos até os acréscimos, foi como as criações do resto da partida: insuficiente para alcançar o empate.
Acabava o confronto em 2-3. Acabava-se a boa era de Felipão na Seleção Portuguesa. Começava, para valer, o sonho alemão de reconquistar a taça que já erguera três vezes. Após doze anos de ausência, de novo uma presença nas semifinais. No que diz respeito à Alemanha, esta Eurocopa encerrou o ciclo de estranhezas.
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