Dezesseis gols. Dez jogos. Dezesseis gols em dez jogos. Um vírgula seis gol por jogo. Assim foi a quarta rodada do Campeonato Brasileiro – ridícula. Há quem diga que muitos tentos num jogo são retrato de um confronto varzeano, defesas que não sabem diferenciar um ovo de uma pelota e atacantes toscos convertendo números absurdos de gols. O futebol brasileiro – o real futebol brasileiro, este daqui, não aquele levado pelos europeus – já não tem mais grande qualidade técnica. E nem assim a média de gols sobe.
O 2008 está concordando com a opinião defendida há tempos no blog. Fica claríssimo que números baixos nunca foram sinônimo de futebol bom. Continuam não sendo e, oxalá, jamais serão. Um zero a zero pode sim ser bom, mas é estúpido acreditar que partidas permeadas por placares crescentes são invariavelmente desvios técnicos. E, se forem, um três a três (ou quatro a quatro, cinco a cinco, ...), por mais erros que tenha, será incomparavelmente melhor em emoção, em lances para a posteridade, em gols, afinal, pois os gols são a alma do futebol, do que um zero a zero (ou um a zero, um a um, ...). E pouco importa se há vinte e dois Pelés nesse zero a zero.
Muitos não quiseram aceitar isso. Vaiavam a antologia de um jogo goleador. Estranho. Hoje, onde estão eles para aplaudir o ápice do nosso campeonato, a escassez de golos? Só não há silêncio dessa parte porque agora brotam dali reclamações óbvias: treinadores retranqueiros, arbitragens que param o jogo a toda hora, clubes europeus levando promessas cada vez mais cedo.
Não vale. Essa realidade está aí há, no mínimo, uma década. E mesmo assim tivemos jornadas em que víamos cinqüenta e cinco gols em onze partidas. Bons tempos, aqueles em que a dita várzea não impedia o balançar das redes. Eles voltarão. Mas, antes, será bom que permaneça a lição das tristes primeiras rodadas quase sem gols do atual Campeonato Brasileiro.
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