Por idos de 1998 ou 1999, após a conquista do título mundial francês, o que mais se ouvia em jogos dos bleus eram elogios à velocidade das suas tramas, construídas por passes de primeira e toques precisos a deixar matadores na cara do gol. Dez anos depois, a França não tem mais isso. Não teve hoje, contra a Romênia – equipe tida como a mais fraca do chamado grupo da morte da Euro 2008.
O primeiro tempo foi ruim, como têm sido todos os primeiros (e, na maior parte dos casos, segundos) tempos da rodada inicial do torneio da UEFA. Favorita apesar de estar desfalcada de Henry, a Seleção Francesa fez bucólica uma partida em que devia tomar a iniciativa. Demorava-se na preparação de lances, insistia em tocar a pelota no campo defensivo, e em nada lembrava a ferocidade de outros anos. Sua primeira oportunidade surgiu apenas aos 32 minutos, numa cabeçada de Anelka em escanteio – e mesmo assim, após falha da zaga romena. A segunda chance real só viria aos 42. Pouquíssimo. A Romênia, que prometera se defender para aproveitar os contra-ataques, igualmente demonstrou pouca pressa na etapa inicial. Simplesmente não levou perigo algum, porque, afinal, não havia de onde tirar um contragolpe.
Na etapa complementar, um pouco mais de ousadia por parte do time que trajava amarelo. Percebiam que o bicho do outro lado não era tão feio. Insuficiente para mudar a tônica de lentidão do duelo: só um lance fortuito tiraria o zero a zero do marcador do Letzigrund de Zurique. Sem imprevistos, sem gols. Do nulo placar final, a constatação de que a Romênia não tem time para fazer maiores surpresas – poderá passar, mas não será com um futebol acima do esperado –, e uma triste figura desempenhada pelos gauleses, obrigados a se recuperar contra as temíveis Holanda e Itália.
Aquela equipe francesa de toques rápidos, toques de primeira, é uma lembrança que se embaça ainda mais a cada nova atuação desse tipo. Parece que foi há dez anos que víamos a França jogar daquele jeito. E foi, pois nem no vice mundial de 2006 houve algo parecido. Aquela França de uma década atrás ganhou tudo. Essa de hoje, continuando assim, está perdida.
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