O fim de temporada na França está eletrizante. Nem tanto pela disputa do título da Liga que, ainda indefinida, não deve escapar do Lyon – embora o Bordeaux venha apenas dois pontos atrás, já é tarde para querer milagres. Nas duas rodadas que faltam para fechar as trinta e oito, a apaixonante luta está na região baixa da tabela: a luta contra o rebaixamento.
Lanterna, 23 derrotas em 36 rodadas, 20 pontos, o Metz está enterrado pela matemática há tempos. Situação não muito diferente do Strasbourg, este dono de 35 pontos, ainda vivo, mas agonizante, quase sem esperanças de evitar o descenso: precisaria de combinações absurdas de resultados dos seus jogos e mais dois concorrentes acima, em duas rodadas, para se salvar. A real briga, a emocionante, para se estender até o último minuto do último jogo, envolve três times. Um deles sairá morto.
A situação naquele universo particular de três equipes se mantém num equilíbrio baseado nas sutilezas e detalhes, estando assim já há algumas jornadas da Liga Francesa: Toulouse, Lens e Paris Saint-Germain empatam em 39 pontos, encontrando distinções entre si no saldo de, respectivamente, -6, -8 e -9 gols. Nesta altura da temporada, os 180 minutos que faltam para o fim da Liga terão doses extras de dramaticidade, caminhando para fatalmente condenar um desses três tradicionais a militar na Ligue 2 pela próxima temporada.
Hoje, os destinados à guilhotina seriam os da capital. O PSG passou 2007/08 sem se acertar no Campeonato Francês, e nem todo o apoio de sua torcida no caldeirão do Parc des Princes dá resultado, com apenas 4 vitórias parisienses em 18 encontros disputados no seu feudo. O ano é desastroso. Ou seria. Porque o Paris Saint-Germain vem acumulando pequenos milagres e salvando sua temporada graças a glórias alheias à Liga. Pelas Copas do país, que são duas, revive os tempos em que era competitivo e jamais cogitava lutar contra o descenso.
No fim de março, os parisienses erguiam, surpreendentemente, a Copa da Liga, amenizando o mau momento. Uma nova força para a reação que, após o título, deveria vir. Mas, em abril, pelo torneio de pontos corridos, os fracassos se sucederam, a fraqueza predominou outra vez, e se chegou ao ponto atual, com a hipótese de rebaixamento não apenas mantida, mas concreta na tabela de classificação. A ameaça dos meses anteriores não era acidental: era a realidade da sua pouca qualidade.
Uma realidade ligueira, jamais copeira. Nesta terça-feira, por outra Copa, agora a da França, o PSG venceu o Amiens, da segundona, por 0-1, e obteve a classificação. Dito assim não pareceria nada de mais, mas o jogo era exageradamente importante: valia pelas semifinais da competição! Incrivelmente para um time em situação tão calamitosa, os da capital francesa chegam à sua segunda final na temporada, aguardando o adversário a sair do confronto entre Lyon, o grande, e Sedan, outro time da Ligue 2.
Como naquela final de 30 de março, a classificação de hoje faz outra vez a torcida de Paris acreditar num título. No fim das contas, a desastrosa temporada que pode rebaixar o clube, também tem a possibilidade de se encerrar como o glorioso ano em que duas Copas entraram no Parc des Princes. Assim segue a absurda marcha do futebol...
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