domingo, 10 de fevereiro de 2008

A lembrança que fica

PARIS - Quem critica os torcedores europeus por sua frieza, certamente nunca viu o Parc des Princes pulsante em uma tarde de futebol. Infernais, atrás das duas goleiras, fanáticos grupos organizados de torcedores passam os noventa minutos alentando sua equipe - por vezes, em uníssono; por outras, com um lado respondendo aos cânticos do outro. Jogando em casa, o PSG tem ao seu lado um caldeirão capaz de fazer frente àqueles aquecidos pelas barras sul-americanas.

Que as torcidas européias não são "fracas" como muito se fala já havia sido notado há tempos, desde o início da nossa jornada européia. Fosse em Madrid com os Ultras Sur, fosse com os torcedores do minúsculo Arles ou com os aficionados do não muito maior Angers, houve sempre apoio contínuo, bem diferente da criticada frieza. No entanto, nada havia sido da enormidade vista ontem. No jogo da tarde de sábado, frente ao Le Mans, os parisienses proporcionaram um cenário maravilhoso.

Manchada por conflitos de uns poucos baderneiros entre si e contra rivais nas temporadas passadas, a massa pacífica dos aficionados do PSG parece ter, enfim, prevalecido. Com isso, tornou-se a melhor aliada do seu time que, atualmente, vive uma situação pouco animadora, ocupando o 12° lugar na Ligue 1 nacional. Uma vez dentro de campo, o adversário não tem para onde fugir. Esteja no ataque ou na defesa, encarará de frente as tribunas que rugem a cada jogada sua. E o PSG, viva fase boa ou ruim, crescerá invariavelmente. Ontem, como em todas as rodadas de futebol do Paris, não faltou alento para que a equipe buscasse dar a volta por cima e tentasse arrancar rumo à disputa de uma das vagas para a Copa da UEFA. O que escasseou, como na maioria das partidas da França, foram os gols.

Sim, pois PSG e Le Mans foi um jogo interessante. Dentro de um caldeirão como Parc des Princes, não poderia ser diferente, e as chances foram se acumulando. Em várias oportunidades, como no tiro que acertou a trave aos 14 minutos, os locais vislumbraram a vitória; em contrapartida, ficaram aliviados com o desperdício do respeitável visitante (o Le Mans, afinal, era oitavo colocado, figurando acima do próprio PSG na tabela) em tantas outras. Movimentação em campo, movimentação nas arquibancadas, mas sem movimentação nas redes. Zero a zero. Por melhor que tenha sido a atuação das duas equipes, um placar em branco jamais merece exaltação. Futebol é gol, e o pior 1-0 sempre será melhor que o mais belo 0-0. Do bom jogo, no fim de tudo, ficará mesmo a belíssima lembrança dos torcedores lotando cada fileira do estádio, cantando por cada minuto do duelo.

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