O título do Internacional, ontem, num Beira-Rio cheio, com goleada antológica de oito a um passa por diferentes pontos. Passa por Fernandão, o eterno e provável maior ídolo da história do clube, criticado após o fim de semana passado, vingado com um hat-trick. Passa por Alex, artilheiro do time no Gauchão, e sua qualidade, explícita no golaço de falta do 4-0. Passa por Guiñazu e sua raça, voltando aos gramados com toda a disposição possível menos de quinze dias após a operação no joelho. Passa, claro, pela raiva e necessidade de se desfazer de uma incômoda touca que o futebol mostrava ser impossível de se manter: o Juventude sempre foi medíocre neste campeonato – mas, acertado nos mata-matas, chegou a se ver como grandioso e almejar o título.
Tinha o título, aliás, quando entrou em campo. Um a zero na ida, uma vantagem pequena em condições normais, menor ainda quando se trata de enfrentar o Inter, mas gigante da forma como veio, com um gol aos quarenta e oito do segundo tempo no Alfredo Jaconi. Por aquele gol, do momento em que entrou em campo – atrasado, em meio à execução do Hino Riograndnese, quebrando o protocolo – até os vinte e cinco minutos de jogo, quando ainda sustentava um empate nulo com relativa qualidade, o Juventude sonhou em fazer a história.
E então, algo aconteceu. O jogo estava normal, muito levemente pendendo ao lado do Colorado que outra vez vestiu branco, mas tudo modificou-se num sopro. Em doze minutos, dos vinte e cinco aos trinta e sete, quatro gols. O delírio. O título. Fosse um jogo normal, como indicava até a primeira vez em que a bola beijou as redes, aquela goleada pararia ali. Quiçá o Inter achasse mais um ou dois gols nos descuidos juventudistas, mas certamente administraria. Não administrou. Em campo, tinha-se a nítida impressão de que os alvirrubros de todas as eras, o Rolo Compressor dos anos 1940, o lendário time de Minelli nos anos 1970, o vitorioso Inter contemporâneo dos 2000, real protagonista, todos eles pareciam somados nos onze jogadores de branco.
E assim se construiu o oito a um. Anômalo, raríssimo, imprognosticável. Merecido. Nem para marcar o de honra o Juventude teve competência, precisando de um gol contra do time do Beira-Rio. Soberano. Ontem, só o Inter jogou. No campeonato inteiro, só o Inter, desde a fase de liguillas até os mata-matas, mostrou capacidade de ser campeão – e confirmou plenamente. O Internacional deste 2008 não é imbatível e o Juventude, que o vencera três vezes antes da jornada de domingo, prova fielmente. Mas o time de Abel Braga tem dado a idéia de que perde somente quando pode e que vence quando e como quer. Isso, na guerra psicológica que compõe o futebol, pode trilhar o caminho por onde passarão outros títulos.
Um comentário:
fernandão é o cara! predestinado fernandão
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