Sob um dilúvio, o Racing Club de Lens entrava no gramado do seu estádio, o Félix Bollaert, com a difícil missão de derrotar o vice-líder do campeonato Bordeaux, para evitar o descenso. Apoio não faltaria: como durante toda a temporada que a consagrou com a segunda maior média de público do campeonato, atrás apenas dos fanáticos do Olympique Marseille, a torcida compareceu em peso. Todos a postos para a última batalha.
E que batalha. Não bastaria apenas vencer. Com 39 pontos e saldo negativo de 9 gols, era preciso torcer por tropeços dos concorrentes Toulouse (39 unidades e saldo -7) e PSG (40 pontos, saldo -9), que jogariam, respectivamente, contra o Valenciennes em casa e Sochaux fora. E ainda havia um Bordeaux pelo caminho.
Pelo menos vinham as novidades de Auxerre: o Lyon balançara as redes aos 23 segundos e, depois, aos 9 minutos de jogo, abrindo 0-2 sobre a equipe local e praticamente confirmando o heptacampeonato nacional. Isso serviu para que os Girondins tivessem menor objetividade em Lens, mas o jogo seguiu complicado. No primeiro tempo, os torcedores no Félix Bollaert lotado, encharcados pela chuva incessante, seriam ajudados por dois erros de arbitragem – a anulação de um gol legítimo e a negação de um pênalti –, enquanto os resultados simultâneos apontavam vitórias parciais por um a zero do Toulouse e do PSG – naquele momento, pelo saldo de gols, só um improvável triunfo com três gols de diferença evitaria o descenso.
Pouco antes do intervalo, o Valenciennes empatou. Empatava também o Lens na pontuação diante do Toulouse, estando outra vez quase salvo. Bastaria fazer a sua parte, vencer. Os aficionados voltaram a ilusionar a permanência, desconhecedores daquela que seria a sua sina na noite de rodada final: a quase salvação. Várias vezes o Lens quase estaria salvo no segundo tempo, sem jamais ter, de fato, a permanência nas mãos. Sempre faltava algo.
O marcador foi evoluindo. Aos 64 minutos, depois de várias chances desperdiçadas e domínio visitante na etapa complementar, o Bordeaux deu o primeiro golpe com Cavenaghi, ao que les sang et or responderam três minutos depois: Monterrubio, de pênalti, fez o 1-1 e devolveu as esperanças aos torcedores. Mas seguiu a necessidade de fazer um pouco mais. Quando o PSG levou o empate aos 73 do seu jogo, de todos os jogos da rodada pontual, faltava ao Lens vencer; quando, no minuto seguinte, o Toulouse voltou a derrotar o Valenciennes, agora por 2-1, era preciso superar-lhes no saldo ou aguardar um novo tropeço.
Faltava tão pouco, faltava tanto. Aos 82 minutos, Bellion faz 1-2 para o Bordeaux, quase ao mesmo tempo que, em Montbéliard, Diané vai às redes pela segunda vez na rodada, colocando 1-2 favoráveis ao PSG. Era o desastre completo: o Lens perdia, os concorrentes triunfavam. A torcida, porém, insistia em acreditar, recusando o despencar da equipe. No minuto 85, Maoulida pareceu dar razão a eles, anotando 2-2 no placar de Lens.
Só mais um golzinho. Um seu, um no PSG ou no Toulouse, e o Lens se salvaria. Teria que vir, era pouco, pouco demais, e o Félix Bollaert pulsou, pulsou como em todas as rodadas anteriores ou, sabe-se lá, mais do que em todas elas somadas. Transformou-se num caldeirão, por um último esforço, quase hercúleo: empurrar o time ao ataque, e fazer os cânticos respingarem em algum dos outros estádios onde se desenrolavam os confrontos paralelos que interessavam a todos. Aos 90, um gol anulado do time local fez o ambiente das arquibancadas se tornar ensurdecedor. À chuva d’água juntava-se agora uma de sinalizadores, dando à agonia mais alguns minutos concedidos pelo juiz. Sairiam os tentos salvadores, ainda havia esperança.
Mas já não havia tempo. O terceiro minuto de acréscimo estava em andamento no momento da chegada da notícia, evitada como a morte: quase concomitantemente, os duelos de PSG e Toulouse, com vitória de ambos, encerravam-se. Como se só naquela hora se desse conta da situação insustentável da equipe, o estádio que não se calara sob circunstância alguma até então, foi tomado de um silêncio fúnebre, instantâneo. O Lens estava na Ligue 2.
E que batalha. Não bastaria apenas vencer. Com 39 pontos e saldo negativo de 9 gols, era preciso torcer por tropeços dos concorrentes Toulouse (39 unidades e saldo -7) e PSG (40 pontos, saldo -9), que jogariam, respectivamente, contra o Valenciennes em casa e Sochaux fora. E ainda havia um Bordeaux pelo caminho.
Pelo menos vinham as novidades de Auxerre: o Lyon balançara as redes aos 23 segundos e, depois, aos 9 minutos de jogo, abrindo 0-2 sobre a equipe local e praticamente confirmando o heptacampeonato nacional. Isso serviu para que os Girondins tivessem menor objetividade em Lens, mas o jogo seguiu complicado. No primeiro tempo, os torcedores no Félix Bollaert lotado, encharcados pela chuva incessante, seriam ajudados por dois erros de arbitragem – a anulação de um gol legítimo e a negação de um pênalti –, enquanto os resultados simultâneos apontavam vitórias parciais por um a zero do Toulouse e do PSG – naquele momento, pelo saldo de gols, só um improvável triunfo com três gols de diferença evitaria o descenso.
Pouco antes do intervalo, o Valenciennes empatou. Empatava também o Lens na pontuação diante do Toulouse, estando outra vez quase salvo. Bastaria fazer a sua parte, vencer. Os aficionados voltaram a ilusionar a permanência, desconhecedores daquela que seria a sua sina na noite de rodada final: a quase salvação. Várias vezes o Lens quase estaria salvo no segundo tempo, sem jamais ter, de fato, a permanência nas mãos. Sempre faltava algo.
O marcador foi evoluindo. Aos 64 minutos, depois de várias chances desperdiçadas e domínio visitante na etapa complementar, o Bordeaux deu o primeiro golpe com Cavenaghi, ao que les sang et or responderam três minutos depois: Monterrubio, de pênalti, fez o 1-1 e devolveu as esperanças aos torcedores. Mas seguiu a necessidade de fazer um pouco mais. Quando o PSG levou o empate aos 73 do seu jogo, de todos os jogos da rodada pontual, faltava ao Lens vencer; quando, no minuto seguinte, o Toulouse voltou a derrotar o Valenciennes, agora por 2-1, era preciso superar-lhes no saldo ou aguardar um novo tropeço.
Faltava tão pouco, faltava tanto. Aos 82 minutos, Bellion faz 1-2 para o Bordeaux, quase ao mesmo tempo que, em Montbéliard, Diané vai às redes pela segunda vez na rodada, colocando 1-2 favoráveis ao PSG. Era o desastre completo: o Lens perdia, os concorrentes triunfavam. A torcida, porém, insistia em acreditar, recusando o despencar da equipe. No minuto 85, Maoulida pareceu dar razão a eles, anotando 2-2 no placar de Lens.
Só mais um golzinho. Um seu, um no PSG ou no Toulouse, e o Lens se salvaria. Teria que vir, era pouco, pouco demais, e o Félix Bollaert pulsou, pulsou como em todas as rodadas anteriores ou, sabe-se lá, mais do que em todas elas somadas. Transformou-se num caldeirão, por um último esforço, quase hercúleo: empurrar o time ao ataque, e fazer os cânticos respingarem em algum dos outros estádios onde se desenrolavam os confrontos paralelos que interessavam a todos. Aos 90, um gol anulado do time local fez o ambiente das arquibancadas se tornar ensurdecedor. À chuva d’água juntava-se agora uma de sinalizadores, dando à agonia mais alguns minutos concedidos pelo juiz. Sairiam os tentos salvadores, ainda havia esperança.
Mas já não havia tempo. O terceiro minuto de acréscimo estava em andamento no momento da chegada da notícia, evitada como a morte: quase concomitantemente, os duelos de PSG e Toulouse, com vitória de ambos, encerravam-se. Como se só naquela hora se desse conta da situação insustentável da equipe, o estádio que não se calara sob circunstância alguma até então, foi tomado de um silêncio fúnebre, instantâneo. O Lens estava na Ligue 2.
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