
Hoje, ter mais vitórias que derrotas na temporada era indiferente ao Valencia. O único histórico de resultados interessante aos torcedores apontava: oito jogos, seis vitórias, um empate, uma derrota. Era essa a campanha gloriosa na Copa do Rei. Era só isso que importava numa noite de Copa do Rei. Numa final. E foi o Valencia dessas estatísticas quem entrou em campo na decisão desta quarta-feira, no Vicente Calderón. O Valencia da Copa do Rei, que eliminou Betis, Atlético de Madrid e Barcelona. Esse Valencia. Jamais aquele da Liga, para o qual até o lanterna (e rival citadino) Levante se converte num oponente temível.
Não se sabe a explicação, mas o fato inquestionável foi a transfiguração, outra vez, do medíocre no glorioso, do candidato ao rebaixamento no copeiro. Os homens do criticadíssimo Ronald Koeman, sempre encarando a Copa como uma chance de salvar seu ano, novamente jogaram o futebol que faltou nas outras competições. Diante da perspectiva do título, cresceram. E aí, não houve Getafe-sensação-espanhola capaz de conter o adversário entusiasmado.
Em dez minutos, duas cabeçadas certeiras, dois gols. Mata, Alexis, 2-0 no marcador. Vantagem que não seria mais perdida. Granero, em um pênalti, nos acréscimos da primeira etapa, tentou recolocar os azulones no jogo, mas essa noite não tornaria a ser épica para os de Getafe. No segundo tempo, mesmo melhorando, a pequena equipe das proximidades de Madrid não conseguiu encontrar a igualdade no placar. Recebeu o golpe de misericórdia em mais uma cabeçada, agora de Morientes, no minuto 83: 3-1 e jogo definido.
No início da transmissão radiofônica, o locutor espanhol anunciara as equipes como se o fizesse para dois boxeadores. Fosse aquele fim de jogo uma real disputa de pugilismo, os últimos minutos do Getafe, já com o sonho destruído, equivaleriam aos segundos de um nocauteado sob a contagem do árbitro. Conformado com o segundo vice seguido na competição, o time azul não tinha mais reação. Nas arquibancadas do Calderón, nas ruas de Valencia, na beira do campo, todos os relacionados ao clube ché festejavam. O sétimo título copeiro estava ganho.
Adepto da ironia, o futebol proporcionou outra das suas nessa final de Copa. Depois de quatro anos sem erguer um troféu, o Valencia se consagra campeão na pior temporada que viveu desde seu último título. Um ano medíocre, que ainda pode reservar um improvável rebaixamento, mas cujos problemas pareceram inexistir enquanto a disputa eliminatória durou. Durou até hoje. Durou até o dia em que o Valencia pôde voltar a sorrir.
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