segunda-feira, 10 de março de 2008

Padrão Globo de parcialidade

Quando o Flamengo bota, a ferro e fogo, pouco mais (ou pouco menos) de trinta mil espectadores no Maracanã para um jogo de Libertadores, não há dúvida: no dia seguinte, sobrarão reportagens na TV exaltando a magnífica festa da maior torcida do Brasil, a incomparável, que está lá em todas as horas, dona de uma etcétera de qualidades invariavelmente martelada nas nossas cabeças.

Pois bem, no sábado, o Internacional não teve problemas para contar 46.472 pessoas em suas arquibancadas. Quarenta e seis mil, quatrocentas e setenta e duas! E não era um jogo de Libertadores, sequer de Copa do Brasil. Era tão-somente uma partida de primeira fase de Gauchão, com valor mínimo, e contra o Brasil de Pelotas, a segunda equipe mais medíocre da chave. À justificativa de que as mulheres entraram de graça, inflando o número total, vai uma resposta clara: mesmo considerando apenas os sócios e os ingressos vendidos, já haveria mais de 35 mil espectadores no Beira-Rio. Um espetáculo, como dissemos anteriormente.

E o que a TV Globo fez? Simplesmente ignorou. O Inter não tem a maior torcida do Brasil, tampouco a maior do Estado. Não está numa cidade maior que o Rio de Janeiro e muito menos tem um gigante Maracanã nas mãos. Mas o seu feito, estranhamente, não merece créditos. A nota do Campeonato Gaúcho foi apenas para o jogo do Grêmio, e mesmo esse poderia cair no esquecimento, não fosse a inútil observação sobre a invencibilidade do tricolor. Reportagens sobre flamenguistas, santistas, corinthianos, é claro, não faltaram. Quarenta e seis mil pessoas para um jogo no Sul? Quem precisa falar disso?

A reclamação para com o lado único da moeda visto pela mídia carioca não vem de hoje. Quando esse mesmo canal fez reportagens sobre a influência das barras sul-americanas nas torcidas brasileiras, sua parcialidade e ignorância para o que ocorria nos recantos sulinos já estava evidente: esqueceu-se, na sua completíssima pesquisa, da Geral do Grêmio, primeira torcida do gênero no país! A mesma reportagem, aliás, entrevistava certos torcedores do Fla e louvava-os como criadores da letra do Tema da Vitória. Parecia desconhecer que a canção, entoada à exaustão no Rio, não passa de um plágio daquela cantada há tempos pela Guarda Popular do Internacional.

Enfim, o que ocorre pelos estádios do Rio Grande talvez seja mesmo desimportante para a grande líder da TV nacional. Mas espere quinze mil rubro-negros irem ao Maracanã contra o Mesquita para notar o diferente tratamento conferido ao grande feito da torcida.

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