domingo, 20 de janeiro de 2008

Sob a chuva e contra o juiz

Se na sexta-feira foi Fernando, goleiro gremista, o herói, no sábado o Inter rebateu o seu maior rival na mesma moeda. Em uma espetacular e inspiradora partida, o time colorado superou até mesmo a arbitragem para remontar um 3-1 e se classificar nos pênaltis.

Um gol na sorte, mas sempre um gol, foi o que abriu a contagem no grande duelo proporcionado por colorados e santistas. Um gol na sorte, marcado pelo Inter, após um levantamento de Forster e um desvio de Léo, o colocou em vantagem de 1-0 aos sete minutos de partida. Àquela altura, as poças no gramado do estádio Nicolau Alayon, na capital paulista, já estavam bastante multiplicadas. Chovia torrencialmente, mas o bom futebol não sumiria por causa disso. Pouco tempo depois do gol alvirrubro, o Santos chegou ao empate por obra de Paulo Henrique, no décimo-segundo minuto de jogo. Claro, houve falta no arqueiro colorado, falta claríssima, na pequena área, impedindo que ele saísse para defender, mas com os times paulistas amarelando um a um, que árbitro vai deixar de fazer vistas grossas? Não na Copa São Paulo, não em São Paulo, não com um time de São Paulo. E o gol valeu. Roubado, 1-1.

Mas a partir dali, foi com méritos. O belo time do Inter, talvez o melhor da competição, foi sendo dominado por um Santos que contava com grande apoio da torcida. Tiago Luís, aos 24 e 34 minutos, virou o jogo e deu início ao que se desenhava como goleada, abrindo 3-1. A chuva deve ter borrado o desenho, porque mesmo com tudo nas mãos, os gols santistas pararam de sair. E o Inter começou a remontar. Guerreiro, o time gaúcho foi ao segundo tempo para corrigir a injustiça. Foi ao segundo tempo para, sob a chuva, contra o Santos, o juiz e quem se opusesse, tornar aquele placar favorável aos seus interesses. E, embora as oportunidades perdidas se acumulassem como que dizendo "não vai dar tempo", o Colorado não desistiria. Com 73 minutos, Walter mandou um torpedo no ângulo santista para fazer 3-2. Ainda insuficiente.

"Não vai dar tempo", pensavam os torcedores santistas que já comemoravam a classificação nas arquibancadas, uma vez que a pressão colorada após o segundo gol não surtia efeitos. "Não vai dar tempo", começavam a se desesperar os mais pessimistas torcedores alvirrubros. "Vai dar tempo", pensou Walter, quando percebeu a excelente falta, frontal à área, que o Internacional tinha no final do jogo. Deu tempo. Indefensável, sua pancada na cobrança de falta pôs o 3-3 no placar aos 89 minutos de jogo. Os brancos calções do Santos talvez não estivessem mais manchados apenas pelo barro provocado pela chuva, afinal. Remontava o Inter, ao menos até o empate.

Aos pênaltis, o Inter conseguiu levar um jogo perdido. E nos pênaltis, quase viu tudo se perder novamente: Agenor, goleiro alvirrubro que costuma arriscar uns tiros de bola parada, chutou por cima a primeira cobrança da série de seu time. A reação do tempo normal, porém, merecia prêmio, e Agenor se redimiria ao pegar as duas cobranças seguintes do Santos. As penalidades máximas seguiram, com bons chutes, rede furada, defesa pelo lado santista. O desempate foi até as cobranças alternadas, com mais duas séries de aproveitamento perfeito pelas duas partes. Na terceira, porém, Natan, que substituíra a estrela Tales, fez o gol colorado. Thiago Lopes, do Santos, isolou e fechou a conta: 6-5 nas penalidades e o Inter está entre os quatro melhores da Copinha.

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Arbitragem esperadamente tendenciosa em favor de uma equipe paulista também foi vista no jogo entre Rio Branco e Fortaleza. É bem verdade que os cearenses acabaram goleados por 4-1, mas ninguém use o placar elástico como forma de redimir o pênalti tirado do nada que, aos 62 minutos, representou o 2-1 em favor dos paulistas. O Rio Branco vai pegar o próprio Internacional... contra eles, já se viu, esse tipo de ajuda não vai funcionar.

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