sábado, 19 de janeiro de 2008

Quando o heroísmo chama


Os pênaltis de Grêmio e Ponte Preta

Já passavam dos 40 minutos da etapa complementar em Jacareí. Pelas oitavas-de-final da Copa São Paulo, o Grêmio batia a Ponte Preta, de virada, pelo magro placar de 2 a 1. Fazia de tudo para se segurar, sabia que o adversário estava quase morto e só precisaria resistir a mais algumas voltas do ponteiro do cronômetro antes do apito final. Mas, tão perto do fim, sua fortaleza desmoronou.

A zaga falhou, o goleiro Matheus saiu desesperado, o atacante caiu, e o juiz apitou: pênalti. O mesmo pênalti que, em duas oportunidades claras, ele havia negado ao Grêmio durante o jogo, dava então à Ponte Preta, a minutos do final. Expulsava também Matheus, deixando o tricolor em inferioridade numérica e precisando botar o reserva em campo. Fernando nunca esperava aquela chance mas, a minutos do fim, ela apareceu. Fernando, o goleiro reserva, o esquenta-banco, aquele que não entra nunca, teve, entre suas luvas emborrachadas, a chance de agarrar o heroísmo e classificar seu time.

Fernando entrou, "apenas" com a responsabilidade de impedir um gol adversário a minutos do fim. Pulou no canto certo, mas não conseguiu defender o pênalti cobrado por Amagno. 87 minutos e 2-2. O heroísmo não veio ali. 90+3 minutos e 2-2, fim de jogo. Novos pênaltis, agora os decisivos, e outra chance de se tornar herói. Foram cinco tiros de cada lado. O Grêmio começou batendo, a Ponte Preta estava sempre pressionada a correr atrás na contagem. A chuva caía, maldosa, para desespero dos goleiros, tornando a bola molhada, fazendo com que nem as mais seguras mãos fossem confiáveis. Edílson, goleiro da Ponte Preta, que o diga, tendo deixado a pelota escapar na primeira cobrança.

O Grêmio acertou todos os seus tiros. A Ponte Preta não. Não acertou porque o heroísmo, que chamara Fernando de forma inesperada a minutos do apito final, resolveu aparecer. Na segunda chance ponte-pretana, ele acertou o canto. Na segunda chance ponte-pretana, o jovem goleiro, reserva, desconhecido, vindo do nada, teve seu nome pela primeira vez gritado pela torcida gremista. Herói, agarrou sua chance, e classificou o seu Grêmio. Herói, assim chamaram Fernando na sexta-feira. E em jornadas futuras?

Nenhum comentário: