O Real Madrid não joga para a torcida ver. Como dizemos sempre, mas cabe repetir, o Real Madrid joga um futebol feio e burocrático, que chega a se tornar irritante para quem assiste. O Madrid tem jogado para destruir as propagandas daquelas televisões que vendem La Liga dizendo que, por ter estrelas, é o campeonato do mais belo futebol no mundo. Não é. Talvez seja no papel, mas dentro de campo a coisa muda, e o líder espanhol é a maior prova disso.
Ontem, pela última rodada do primeiro turno da competição, ocorreu o teórico confronto mais desigual da temporada: 14 derrotas em 18 jogos, o lanterna Levante recebia o líder Madrid que, no sentido oposto, vencera 14 de suas partidas. Seria um massacre, mas os merengues não são um time de espetáculos. São uma equipe de aplicação tática, que deixa para matar seus jogos, em boa parte das vezes, na reta final - seja contra um adversário respeitável, seja contra o último colocado. E no domingo, manteve-se a escrita. O Madrid fez pouco e, tivesse o Levante qualidade, a partida teria sido semelhante àquela contra o Zaragoza: muitas chances criadas pelo adversário e nova consagração de Casillas.
Era ruim, porém, o Levante. Houve quem elogiasse o confronto "igual", mas foi fácil de notar a debilidade das suas chances. A vitória do Real Madrid viria mais cedo ou mais tarde, como sempre tem vindo. Aliás, é bom ressaltar que por pior que pareça jogar, o líder tem uma precisão assustadora: ontem, não deve ter criado mais que seis oportunidades realmente claras de gol; entre elas, acertou duas bolas na trave, teve um chute salvo sobre a linha pela zaga e fez dois gols. Tentos que vieram pelos pés de Van Nistelrooy, quando a partida já caminhava para o fim - o primeiro, de pênalti, aos 76 minutos; o segundo, num belo chute de longe, aos 88.
Os críticos dizem que o Madrid fez um primeiro turno feio. A verdade é que o Madrid acabou sendo, acima de tudo, vencedor. Não há outra forma para definir um time que venceu 15 jogos em 19, abriu 7 pontos de vantagem para o segundo colocado, tem o vice-artilheiro da competição - Van Nistelrooy, 11 gols -, e se sustenta há 468 minutos sem levar um único gol na liga. "O melhor campeão de inverno da história", como estampa o diário Marca em sua capa de hoje, não joga para agradar os olhos de quem o vê. Joga pela taça.
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