quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O gol de Soldado

Era setembro de 2005. Mais uma entre as intermináveis temporadas em que o Real Madrid ficou sem levantar um troféuzinho que fosse. Como sempre, naqueles dias fracassados, o ano começava com esperanças, e com o diário Marca estampando na capa a frase que Roberto Carlos tentava transformar em profecia mas que nunca se cumpria: "estaremos na final da Champions League".

Já parecia claro que a realidade seria bem diferente dos sonhos após a estréia continental, levando 3-0 do Lyon, na França. A segunda rodada seria em casa, contra o Olympiakos grego. Um candidato a saco-de-pancadas, era preciso vencer. Com 9 minutos, Raúl, o eterno, fez 1-0. Mas se aquilo poderia ser um prenúncio de goleada, o quadro helênico tratou de desmentir. Endureceu o jogo, manteve o resultado magro até o intervalo e, quando o Santiago Bernabéu já bufava de raiva, deu o golpe: três minutos do segundo tempo, e Pantelis Kafes deixava o placar em 1-1.

Estava começando cedo a derrocada do Madrid num grupo que nem era tão difícil - o quarto clube era o Rosenborg, da Noruega. Era preciso mudar aquilo, botar sangue novo. Mesmo os maiores elencos do mundo, porém, sofrem com a falta de idéias. Do banco, quem saía como solução, naquele momento, era Roberto Soldado, jogador revelado na base e lapidado no time de reservas merengue.

Um nome que pouco empolgava os madridistas, mas que ficou marcado como o responsável pela vitória. Aos 86 minutos, Soldado às redes, Madrid 2-1. Vitória delirante e o passo necessário para que aquela primeira fase fosse, depois, superada com facilidades. O sonho do título europeu acabaria nas oitavas-de-final, frente ao Arsenal, mas o gol de Soldado ecoou. Mesmo sem grande qualidade técnica, o jogador voltou a ter glória nas noites de Europa: em 2006/2007, emprestado ao Osasuna de Pamplona, foi destaque na histórica campanha da equipe, que avançou até as semifinais da Copa da UEFA.

***

Hoje, mais de dois anos depois daquela vitória memorável, o Madrid volta a enfrentar o Olympiakos por uma Champions League. Vivendo dias melhores do que aqueles de 2005, o campeão espanhol confia muito mais nas grandes estrelas. Desta vez, Soldado nem banco pegou.

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