sábado, 4 de agosto de 2007

A torcida Gre-Nal

União incomum: times de Grêmio e Inter posam juntos em clássico válido pelo Robertão de 1967

Qualquer pessoa com algum conhecimento do futebol brasileiro sabe o quão acirrada é a rivalidade Gre-Nal, tida por muitos como a maior do país, e que em alguns momentos chega a descambar para a violência. Nos estádios, em jogos simultâneos, as torcidas vibram como se seu time houvesse feito um gol ao receber a notícia de que o rival sofreu um tento. Em 1996, na última rodada da primeira fase do Brasileirão, o Grêmio - já classificado -, era derrotado por 1-3 pelo Goiás, em casa, mas os gremistas comemoravam: o Inter era derrotado pelo Bragantino, e estava eliminado do Brasileirão.

Mas houve tempos em que a rivalidade foi mais amena. Em 1967, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, que outrora reunia apenas grandes clubes cariocas e paulistas, foi ampliado: por convite, times de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná entraram naquele que seria considerado futuramente o "embrião" do Campeonato Brasileiro - iniciado em 1971. Maiores clubes gaúchos, Grêmio e Internacional foram os representantes do estado.

Estreantes no torneio, os rivais precisavam tornar seus jogos lucrativos, para garantir novos convites nas temporadas seguintes. Buscando obter grandes rendas, os dois clubes jogavam no estádio Olímpico, do Grêmio (o Beira-Rio só surgiria em 1969), adotando o sistema de caixa único. Pela "afirmação do futebol gaúcho", as torcidas foram convocadas a se unir, fazendo surgir uma inédita "Torcida Gre-Nal". A idéia vingou - gremistas e colorados iam juntos, lotavam o estádio, e torciam pelo sucesso do rival.

Premiando os torcedores, os dois times foram bem sucedidos no torneio e chegaram ao quadrangular final - que acabaria sendo vencido pelo Palmeiras. Os gaúchos continuaram sendo convidados até o fim do Robertão, afirmando-se de vez no cenário nacional.

As imagens abaixo, publicadas à época no jornal Folha da Tarde Esportiva, mostram o espírito da união:

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