sábado, 26 de maio de 2007

Un calderón del diablo

Os "calderones del diablo" marcaram época no futebol da América do Sul. Por longos anos, estádios argentinos e uruguaios, onde a pressão exercida pela torcida era exorbitante, receberam tal alcunha. Estádios e torcidas diante das quais os adversários temiam muito mais que a simples derrota no campo de jogo: temiam por suas vidas.

Na antiga fórmula do Mundial de Clubes, quando os campeões europeus e sul-americanos se confrontavam em jogos de ida e volta, um disputado em cada continente, era muito comum ver os times do Velho Mundo tremendo diante da possibilidade de enfrentar fanáticos torcedores em estádios à beira da ebulição. Durante a década de 1970, principalmente, os times da Europa chegaram ao extremo de abrir mão da disputa do troféu, preferindo fugir dos riscos a tentar o título.

Uma perspectiva nada animadora se moldava àqueles que precisavam enfrentar os "calderones del diablo" de Buenos Aires, La Plata e Avellaneda, na Argentina, ou chegavam ao Uruguai e tinham que lidar com um Centenário lotado e coberto pela fumaça, como que recém-saído das profundezas do
inferno. A pressão começava muito antes de as equipes chegarem ao estádio, e não terminava no apito final. Eram verdadeiras guerras, nas quais só os mais fortes sobreviviam para, posteriormente, saírem campeões.

Hoje, restaram poucos estádios capazes de sustentar uma mística deste porte. Na mesma proporção, rarearam as equipes que conseguem fazer da sua praça um trunfo na jornada rumo às glórias supremas. Atualmente, o "temor pela vida" é apenas metafórico: os adversário
s temem, talvez tanto quanto os times do passado, mas é pela sua sobrevivência na competição.

Nestes idos de 2007, onde tantos valores do passado aguerrido do futebol sul-americano parecem dispersos, um time ainda consegue levar os adversários ao verdadeiro inferno, quando joga em s
eus domínios: o Grêmio. Relembrando os grandes esquadrões continentais do passado, que viam a torcida não apenas como mero artifício, e sim como fator altamente determinante nos resultados, o tricolor gaúcho, inseguro nas partidas fora de casa, cresce e se converte numa força praticamente imbatível dentro de seu estádio. Não interessa quem são os adversários ou quais as supostas superioridades técnicas que eles têm sobre o Grêmio: todos tremem ao adentrar no "calderón del diablo" de Porto Alegre.

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