domingo, 22 de abril de 2007

Finais pelo país

Cada vez mais decisivos vão ficando os estaduais pelo Brasil. São definições de finalistas após fases classificatórias ou as finais propriamente ditas que já começaram a ser disputadas em alguns estados. Há de clássicos a zebras, de garantias de jogões a incógnitas, enfim, situações para todos os gostos pipocando pelo país.

No Ceará, um campeonato de tradição que anda esquecido, as semifinais tiveram sua definição neste domingo também. Se de um lado o favorito Fortaleza conquistou vaga na decisão, do outro, o Ceará, atual campeão, decepcionou: após ter perdido o primeiro jogo em casa, o alvinegro foi impotente na partida de volta, sendo eliminado pelo interiorano Icasa. Assim, teremos uma repetição da final de 2005, onde Fortaleza e Icasa irão se digladiar pelo troféu cearense. Há dois anos, a equipe da capital levou a melhor, sendo levada nas costas pelo artilheiro Clodoaldo.

No Rio Grande do Norte, o adiantado Campeonato Potiguar já está a apenas um jogo de seu encerramento. A partida de volta da finalíssima será disputada no próximo domingo, 29 de abril, sendo que o jogo de ida foi disputado hoje. Favoritíssimo ao título, o América fraquejou na pártida de hoje: fazendo jus à máxima "clássico é clássico", o rival ABC soube conter o ímpeto americano, fazendo com que a primeira final tenha acabado num empate por 1-1. Fica tudo para o jogo de volta, onde o América joga sua afirmação diante de um aguerrido, porém fraco, ABC.

O tradicional e outrora competitivo Campeonato Baiano, vive completo ostracismo devido à má fase de seus clubes principais, o Bahia e o Vitória. Desta forma, poucos lembram de verificar como andam as coisas por lá. Na Bahia, o torneio estadual já entrou na sua fase final, que diferentemente do resto do país, não terá uma final e sim um quadrangular decisivo entre as melhores equipes da primeira fase. As equipes finalistas são os dois grandes somados a dois interiorenos: o Atlético de Alagoinhas e o Poções. A primeira rodada da fase final foi disputada neste domingo, com o Atlético derrotando o Poções por 0-1, fora de casa. Na outra partida, um ba-vi pra ninguém botar defeito: 60 mil pessoas acompanharam um dos melhores jogos do ano, onde o Vitória venceu o Bahia por espetaculares 6-5, na Fonte Nova.

Descendo na geografia brasileira, vamos ao estado de Goiás. Lá, o Goiás Esporte Clube, único time do estado na divisão de elite do Campeonato Brasileiro, é favorito absoluto a mais uma conquista estadual. Tendo eliminado o rival Vila Nova nas semifinais, o Goiás confronta-se na final contra o Atlético Goianiense. Apesar de desprestigiado, o Atlético vem fazendo uma boa temporada, com resultados expressivos na Copa do Brasil, e prometendo atrapalhar os planos esmeraldinos.

Avançando para a vizinhança oriental de Goiás, chegamos a Minas Gerais, onde talvez estejamos com um dos campeonatos de final mais interessante em todo o Brasil. Os grandes de Belo Horizonte não decepcionaram aqueles que os apontavam como favoritos e, depois de alguns anos de seca, teremos o grande clássico mineiro para definir o título local. O Cruzeiro, sempre favorito, não teve problemas para alcançar sua sexta final consecutiva, e busca o bi-campeonato. O Atlético Mineiro, por sua vez, vem em ascendência desde a conquista da Série B do Campeonato Brasileiro em 2006, e teve um caminho mais complicado para chegar à decisão. Se a raposa leva teórica vantagem sobre o galo, na hora do jogo as coisas podem modificar-se facilmente, não existindo favoritos, portanto. Numa decisão que não ocorria desde 2004, Atlético e Cruzeiro vão fazer jogos de lotar o Mineirão, relembrando os grandes confrontos de outrora.

No Rio de Janeiro também teremos um grande clássico na final estadual. O Flamengo, campeão do primeiro turno, finalmente conheceu seu rival na decisão, o Botafogo, que conquistou o segundo turno hoje. Aí, quem busca o bi-campeonato são os alvinegros, enquanto os flamenguistas buscam recobrar o título que lhes foge desde 2004.

Indo para o Campeonato Paulista, vemos o estadual que esteve mais próximo de colocar duas zebras na finalíssima. Foi no Paulistão que vimos a maior superioridade por parte de grandes clubes na primeira fase, onde Santos e São Paulo trucidaram seus adversários, dando pinta de que seriam os finalistas por garantia. Nas semifinais, porém, os pequenos e desacreditados clubes interioranos se mostraram fortes: o São Caetano, ontem, eliminou o São Paulo, ao golear os tricolores em pleno Morumbi. Na outra semifinal, o Bragantino quase completou a festa diante do Santos: a equipe de Bragança Paulista conseguiu segurar os santistas nos dois confrontos, empatando ambos por 0-0 - apesar disso, a melhor campanha do Santos na primeira fase, fez o alvinegro praiano passar à finalíssima. Novamente há alguém buscando o bi-campeonato, neste caso, o Santos. Mas engana-se quem pensa que a tarefa será fácil, pois, como já provou, o São Caetano vem firme e pode surpreender.

No Paraná, dois dos três grandes ficaram pelo caminho. O Atlético Paranaense e o Coritiba, pelo segundo ano consecutivo, foram barrados no baile, e assistirão às finais pela TV. A exemplo do que aconteceu em 2006, a decisão ocorrerá entre o Paraná Clube e um time do interior. Quem tentará evitar o bi-campeonato do tricolor paranaense será o surpreendente Paranavaí, que superou o coxa nas semifinais.

Pelo Campeonato Catarinense, nada de Avaí ou Figueirense na decisão do título estadual. Os grandes de Florianópolis foram fracos durante o campeonato inteiro e mereceram ficar bem longe do troféu. Os interioranos que decidirão o campeonato serão o Criciúma (campeão do 1º turno) e a Chapecoense (campeã do 2º turno). O Criciúma é favoritíssimo à conquista, pois foi a melhor equipe de todo o campeonato: venceu o primeiro turno e foi vice-campeão no segundo turno, com uma campanha total de 17 vitórias em 22 jogos. Mas que ninguém ouse duvidar da Chapecoense, que já ostenta uma invencibilidade de 17 partidas e vem embalada para tentar conquistar seu terceiro título estadual (foi campeã em 1977 e 1996).

Finalmente, encerrando o tour de norte a sul do país, chegamos ao ponto mais meridional do Brasil, o Rio Grande do Sul. Com a eliminação do Internacional ainda na primeira fase do torneio, a final mais esperada seria entre o Grêmio e o Juventude, os outros dois times do estado na Série A do Campeonato Brasileiro - e, de fato, foi isso que se consumou. Mas não foi fácil para os dois times confirmarem seu favoritismo: o Grêmio perdeu a primeira semifinal por 0-3 diante do Caxias e precisava de um milagre para passar de fase; na sexta-feira, tal milagre ocorreu, com a vitória do Grêmio por 4-0 diante deste mesmo Caxias, revertendo o placar terrivelmente adverso e classificando o time de Porto Alegre à final. O Juventude viveu situação inversa: após vencer o primeiro jogo diante dopor 0-2 fora de casa, só seria eliminado se algo muito especial ocorresse na partida de volta; e quase foi assim, pois na partida deste domingo, o Veranópolis, mesmo prejudicado pela confusa arbitragem de Carlos Simon, chegou a estar vencendo por 2-0 e, se conseguisse segurar o resultado, levaria o jogo pros pênaltis - não conseguiu, o Juventude chegou a um gol salvador e, apesar da derrota por 1-2, conseguiu passar à final. O Grêmio, que luta pelo bi-campeonato, enfrenta o Juventude pela terceira vez numa final de gauchão. Nas outras duas, em 1996 e 2001, o tricolor levou a melhor. Enquanto os gremistas esperam que a história se repita, cabe à equipe de Caxias do Sul, que terá sua torcida engrossada por colorados, tentar quebrar esta escrita e mudar a história.

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