sexta-feira, 20 de abril de 2007

O time das façanhas inacreditáveis

Novamente, como em tantas outras vezes, o Grêmio, de Porto Alegre, cometeu um "milagre". Novamente desacreditado, em princípio de crise e vivendo dias turbulentos, o tricolor gaúcho se superou, realizando uma recuperação que poucos apostavam - algo que já se tornou marca registrada do clube.

Como esquecer de algumas das mais recentes façanhas, como o título brasileiro conquistado em 1996, quando o Grêmio precisava reverter um resultado de 0-2, na final, para ser campeão, e conseguiu, com um gol faltando 5 minutos para o final do jogo? Ou então a final da Copa do Brasil de 1997, quando o limitado e desmanchado time gremista conquistou o título num Maracanã lotado, diante do poderoso Flamengo de Romário e Sávio? Ou a Copa do Brasil de 2001, quando o Grêmio recuperou um jogo que perdia por 0-2 em pleno Estádio Olímpico (conseguiu igualar em 2-2) e depois massacrou o Corinthians, no Morumbi, por 3-1, fora o baile? Ou, finalmente, a final da Série B em 2005, quando o Grêmio, com 4 jogadores expulsos e dois pênaltis contra, conseguiu vencer o jogo que representou seu acesso, diante do Náutico em um Estádio dos Aflitos superlotado? Esses são alguns dos mais destacados feitos que o Grêmio alcançou em tempos mais recentes. Recuperações inolvidáveis, vitórias impactantes e títulos heróicos. Tudo isso o tricolor de Porto Alegre proporcionou aos seus torcedores, aumentando o temor, respeito e admiração dos adversários para com ele.

Hoje, o Grêmio precisava se inspirar nesses feitos do passado, para se salvar de uma dada como certa eliminação no Campeonato Gaúcho. A partida da noite desta sexta-feira (dia estranho para futebol, tanto quanto a façanha do time porto alegrense) valia pelas semifinais do estadual do Rio Grande do Sul. O adversário gremista para o jogo no Estádio Olímpico era o Caxias. Contra o Caxias, fora de casa, no domingo passado, o Grêmio fez uma atuação medíocre, foi dominado completamente e levou uma goleada por 0-3. Um vexame extraordinário proporcionado pelo tricolor, que, confirmando a anunciada eliminação, acabaria deixando a capital, Porto Alegre, sem um time na final estadual pela primeira vez desde 1939. Para evitar esta vergonha, o Grêmio necessitava vencer por milagrosos 4 gols de diferença na noite de hoje.

"Difícil, sim. Impossível, não", era o que bradavam as campanhas do Grêmio para convocar sua torcida a apoiar o time no jogo de hoje. Se fazer 4 gols de diferença obrigatoriamente num confronto de mata-mata é algo complicadíssimo, enfrentar o Grêmio desesperado, no Estádio Olímpico, também não era nada fácil para o Caxias. O time de Porto Alegre sabe bem de sua história e, novamente repetiu-a, com contornos épicos. Jogando com raça desde o minuto inicial, o Grêmio não deu chances aos adversários, sendo dono do jogo o tempo inteiro. A raça, aliada à técnica, fizeram com que o Grêmio fosse aos poucos conquistando o placar que necessitava: 1-0 aos 13 minutos, 2-0 aos 19 minutos, 3-0 aos 42 minutos e, finalmente o tão sonhado 4-0, aos 68 minutos de jogo, marcado numa cabeçada do artilheiro Tuta.

Superior, o Grêmio recuperou toda a desvantagem que tinha e soube administrar magistralmente tal recuperação. Ao apito final do árbitro Leonardo Gaciba, os quase 25 mil torcedores presentes ao Olímpico (e outros milhões espalhados pelos mais variados rincões do país) explodiram em alegria e loucura. O Grêmio, como costuma fazer, não esmoreceu na hora da decisão e, com o resultado de hoje, classificou-se à final do Campeonato Gaúcho, continuando vivo na luta pelo bi-campeonato estadual. Festejando outra recuperação inacreditável, a torcida tricolor soube que viveu outra noite mágica, outra noite de Grêmio.

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