segunda-feira, 7 de abril de 2008

A mais vergonhosa das derrotas

Os gremistas já têm uma tragédia para marcar o seu 2008. Num Olímpico cheio por quase 35 mil espectadores, o tricolor poderia perder por até 0-1 para o fraco Juventude e estaria nas semifinais. Conseguiu chegar a um ponto em que caía por três tentos a zero. Um vexame.

No fim, fez dois gols. Ensaiou uma reação, que poderia ter vindo. Mas a ignorância de seus atletas, expulsos em lances infantis, pesou mais.

Na quente tarde outonal de domingo, o atual bi-campeão do Estado teve tudo nas mãos para caminhar rumo ao terceiro troféu consecutivo. E sofreu a mais vergonhosa das suas derrotas na temporada, por 2-3, nocauteado pelo gol qualificado que lhe fora tão útil em outros tempos.

Tempos em que o Grêmio mereceu a alcunha de copeiro, por saber se portar em mata-matas. Passando longas rodadas invicto para perder seus dois primeiros jogos em partidas decisivas de Copa do Brasil e Gauchão, o Grêmio deste 2008 nada tem de copeiro. Sequer tem algum resquício de “Grêmio”, jogando assim.

Fracacelso: Eu não estava no Brasil quando o Grêmio tomou a estranha decisão de mandar embora o invicto treinador Vagner Mancini e contratar Celso Roth. Desconheço, portanto, as razões técnicas da substituição. Dizem-me que o tricolor jogava sem um padrão tático e o grande mérito de Roth foi justamente dar isso ao time. Pois o novo treinador, de bons resultados em jogos desimportantes, se mostrou um fracassado na hora mais decisiva. Entusiasmado com os testes bem-sucedidos da semana passada, resolveu continuar inventando, mesmo sem peças. Matou toda a suposta construção de equipe que teria feito. O Grêmio de ontem, e do jogo contra o Atlético Goianiense, foi um caos sobre o gramado. Não é à toa que Celso Roth, em duas décadas de carreira, jamais ergueu uma taça importante.

Vitória dos fracos: De todos os times que passaram às quartas-de-final, o Juventude certamente era o mais fraco. Há apenas dois méritos na equipe caxiense: o goleiro Michel Alves e o artilheiro Mendes. E nada mais. O Ju é um fenômeno absurdo deste Gauchão, capaz não apenas de manter a mística de sempre vencer o Internacional como também quebrar o tabu de sempre perder para o Grêmio. Dos semifinalistas, Inter e Caxias perderam apenas duas vezes e o Inter-SM foi derrotado em três. O Juventude perdeu sete vezes – mas com o baile de ontem, pintou de favorito à vaga na final e, quiçá, ao título. Impensável.

Desequilíbrio: No terceiro tento juventudista, o provocador autor do gol, Thiago, foi agredido por Tadeu – ambos acabaram expulsos. O episódio era justificável. Ali, havia raiva, desespero, vergonha por um 0-3 que naquele momento se constituía. Nada, porém, explica o que se viu apenas dois minutos depois de o tricolor fazer seu primeiro tento: ainda restavam mais de quinze minutos para o final da partida, os caxienses, com o 1-3, voltavam a se apequenar, e o empate parecia plausível, mas Eduardo Costa e Jonas trataram de acabar com qualquer esperança. Desequilibrados, agrediram Hércules num lance estúpido na linha lateral, deixando o tricolor com oito em campo e matando a remontada.

Pedra cantada: Não foi por falta de aviso. Márcio Coruja fez uma arbitragem quase pior que a atuação gremista e, se não teve responsabilidade direta no resultado, ainda merece a guilhotina. O juiz penou com dois lances de pênalti duvidosos – um para cada time – não assinalados, e se mostrou fraco ao expulsar o jogador do Juventude no lance em que ele fora o agredido, após converter o 0-3. Provocou? Certo, mas era para amarelo. A cartolina vermelha direta foi uma clara opção política de alguém sem pulso para fazer diferente. Coruja pôs a cereja no bolo ao, depois de uma partida tumultuada e com diversas paralisações, pedir apenas três minutos de acréscimo – o tempo de praxe, dos juízes ruins. Um mero detalhe, não fosse o fato de o segundo gol do Grêmio ter saído aos 90+3, e a falta de tempo extra ter impossibilitado um empate.

Título na mão: Finalmente, o Internacional. A eliminação dos tricolores faz o alvirrubro do Beira-Rio se ver numa situação idêntica à vivida pelo rival no ano passado: com o máximo oponente fora, o título está na mão e se torna obrigatório. Não erguer a taça provocará uma daquelas ocasiões históricas de oportunidade desperdiçada.

Nenhum comentário: